Valores contra o bullying!
Na sequência da série de temas sensíveis, algumas ideias para erradicar esse tipo de violência (bullying) das nossas escolas
Ele muitas vezes é confundido na escola com uma brincadeira. Mas não é. Apesar de provocações e trocas de ofensas serem corriqueiras no ambiente escolar, nós, educadores, não podemos fechar os olhos para manifestações de violência, humilhações, ataques contra a dignidade humana e opressão. Essas ocorrências definem o fenômeno do bullying, um problema de saúde pública que afeta o relacionamento social, a saúde emocional e o desempenho escolar de crianças e jovens em todo o Brasil.
Para se ter uma ideia da gravidade do problema em nossas escolas, em 2017, uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) colocou o Brasil como o quarto país com maior prática de bullying no mundo. E além disso, em 2019, 37% dos jovens afirmaram, em outra pesquisa do Unicef, terem sido vítimas de cyberbullying, a variação virtual das agressões tão conhecidas nas escolas.
Transformar essa realidade é tarefa nossa, educadores. Por isso, hoje, vamos aplicar o Método Metacognitivo da Escada, do Programa MenteInovadora, para descobrir, passo a passo, como atacar esse problema.
1º degrau – Entender o que é bullying e cyberbullying.
Ao entrar para o vocabulário cotidiano, é comum que uma palavra se desgaste e as pessoas esqueçam seu verdadeiro sentido. Por isso, o primeiro degrau rumo ao nosso objetivo de erradicar o bullying é entender exatamente o que ele é. Essa definição será importante, também, no trabalho com os alunos. Por isso, vamos definir o bullying e sua variação virtual:
- Bullying: forma de agressão praticada por um ou mais estudantes contra outro(s), de maneira intencional e repetidamente, sem motivação evidente, causando dor e angústia. Geralmente envolve uma relação desigual de poder.
- Ciberbullying: prática do bullying no ambiente virtual, com violência contra a dignidade do outro, com alcance ampliado pela capacidade de propagação nas redes virtuais.
2º degrau – Conscientizar a equipe escolar como um todo sobre o tema bullying
Um professor pode fazer um excelente trabalho com sua turma. O bullying, porém, costuma ser um problema estrutural. E a melhor forma de atacá-lo, portanto, é num amplo projeto pedagógico de toda a escola, que inclua a formação de valores, dinâmicas de ensino e de aprendizagem mais colaborativas, estímulo à solidariedade e criação de canais mais efetivos de comunicação entre professores e alunos. Leve a questão para uma reunião da equipe pedagógica e proponha uma abordagem ampla em toda a escola.
3º degrau – Trabalhe valores
Um passo fundamental para combater o bullying é desenvolver a empatia por meio do ensino de valores essenciais para a convivência, como respeito, amizade e solidariedade. A sua escola pode escolher os valores que identifica como mais importantes e estruturar o trabalho de cada valor por bimestre. Uma ideia para iniciar o trabalho do respeito, por exemplo, pode ser a distribuição de folhas para todos os participantes da comunidade escolar – funcionários, professores, alunos, gestores e familiares – com a seguinte frase: “Eu me sinto desrespeitado quando…”. Peça que cada um complete essa frase. O resultado pode ser colado pelas paredes da escola, como num grande mural de atitudes a serem combatidas. Essa atividade é um excelente ponto de partida para identificar o sentimento da comunidade e dar o passo para o quarto degrau.
4º degrau – Crie projetos interdisciplinares
Os valores, em geral, são temas transversais que podem resultar em excelentes projetos interdisciplinares que envolvam professores das diferentes disciplinas. Abuse da criatividade e da capacidade de trabalhar em grupo para criar projetos que ajudem no trabalho dos valores, ao mesmo tempo que integram os conteúdos da grade e desenvolvem habilidades e competências previstas pela Base Nacional Comum Curricular, a BNCC.
5º degrau – Dê voz aos alunos
Muitas vezes, a violência é uma forma de manifestação que nasce do sentimento de impotência. Os alunos querem ter espaço para se colocar e para serem ouvidos. Pense em formas de dar vazão a essa necessidade. Pode ser por meio da organização de grêmios estudantis, ou de um grande conselho de representantes de classe que se reúna uma vez por mês, por exemplo, no qual eles possam trazer as dificuldades e angústias de suas turmas. Além de abrir o canal de comunicação, é uma ótima maneira de difundir a ideia de participação democrática.
6º degrau – Interfira individualmente em casos concretos
Todo o trabalho institucional é importante para acabar com o bullying de maneira estrutural, mas isso não significa que problemas pontuais devam ser colocados de lado ou ignorados. Se você identificar um caso de bullying em curso, chame os envolvidos para conversar. Pontue como as atitudes estão atingindo de forma violenta as vítimas e converse com os agressores. Ouça o que eles têm a dizer e mostre como e por que estão agindo de forma errada.
Com esses seis passos, você está pronto para iniciar uma cruzada contra esse tipo de violência na escola. Se quiser ler um pouco mais sobre o assunto e sobre como outros professores e gestores lidam com ele, confira nosso conteúdo no blog:
– Jogos de raciocínio contra o racismo e o bullying.
– Como identificar, prevenir, combater o bullying e agressões na escola
– Conversando, a gente aprende mais!
5 Comentários. Deixe novo
Ato de agressão e intimidação repetitivo contra um indivíduo.
assunto de extrema importancia atualmente, esclarecer e proteger para que nao haja um mal tão grande que assola nossos dias
Para combater o bullying o professor precisa está atento às atitudes, desenvolver a empatia buscando sempre o respeito com próximo.
Temos que conscientizar nossos alunos a não cometer este destemperamento, explicar que pode ser crime ou infração, devemos trazer a baila o ECA para dentro da sela de aula, envolver a família, não deixar que aconteça esta violência dentro da escola e nem nos arredores.
O combate ao bullying é uma ação conjunta de toda a sociedade.