O papel (e os riscos) da tecnologia na educação
O papel (e os riscos) da tecnologia na educação.
De que o mundo não pode prescindir da tecnologia, ninguém tem mais dúvidas. E desde que ela foi inserida à força na sala de aula pela pandemia de Covid-19, professores e professoras passaram a contar diariamente com mais e mais recursos tecnológicos para apoiá-los no processo de ensino e aprendizagem.
Os alunos e as alunas, por sua vez, acentuaram ainda mais a relação com as telas de computadores, tablets e smartphones.
Dessa nova realidade, começam a surgir questões que preocupam educadores e educadoras: qual o tamanho do espaço que a tecnologia deve ocupar na relação de ensino e aprendizagem? Nossas crianças e jovens correm riscos pela exposição excessiva aos aparatos tecnológicos e seus conteúdos?
No nosso texto de hoje vamos explicar porque a tecnologia se tornou imprescindível na sala de aula, vamos discutir qual a melhor maneira de empregar a tecnologia em sua escola, listar alguns riscos para alunos e alunas contidos no uso da tecnologia, a maneira de lidar com esses riscos e trazer uma breve visão das tendências na incorporação das tecnologias ao ambiente escolar.
Boa leitura!
A tecnologia é imprescindível
As informações estão todas lá, na nuvem, na internet. Um vasto mundo virtual que concentra todo o conhecimento já produzido pela inteligência humana e o torna disponível a qualquer pessoa com um computador e um acesso digital.
A transformação que vivemos nos últimos 30 anos na forma como nos relacionamos com o conhecimento é brutal e irreversível. Os saberes deixaram de ser privilégio de alguns para serem disponibilizados de maneira democrática e aberta a todos.
Transpondo para a sala de aula, aquele conhecimento que apenas a professora ou o professor detinha no mundo analógico, e que ela ou ele havia recebido de outras professoras ou professores, hoje está literalmente na palma da mão de todos os estudantes e de todas as estudantes da turma.
Nesse novo cenário, torna-se imprescindível que educadoras e educadores aprendam a usar essa tecnologia a seu favor, colocando-se no papel de facilitadores do acesso, da interpretação e correta aplicação desse conhecimento por seus pupilos e pupilas.
Com o uso correto da tecnologia é possível criar dinâmicas pedagógicas mais atraentes para os alunos e alunas, ampliar a acessibilidade ao conhecimento, além de personalizar o percurso de aprendizagem dos alunos e alunas.
Para que tudo isso se concretize, porém, é preciso ter intencionalidade. Mas esse já é o tema do próximo tópico.
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A melhor maneira de empregar a tecnologia
Sabendo que o uso da tecnologia é imprescindível, é preciso entender qual a melhor maneira de empregá-la no ambiente escolar.
Não adianta, por exemplo, ter salas ultratecnológicas se elas continuarem sendo utilizadas da mesma forma que eram usados os livros didáticos. Não adianta ter recursos extraordinários de última geração se as aulas continuarem focadas no papel central do professor como detentor do conhecimento.
Para que seja bem utilizada na sala de aula, a tecnologia deve ser vista menos como novidade e mais como um vetor de inovação.
Professores e professoras terão de aprender a inovar em suas didáticas a partir do uso dos recursos. E isso só é possível quando a tecnologia é utilizada com intenção pedagógica.
Mais do que ter salas bem equipadas, é preciso pensar em projetos que utilizem esses equipamentos para facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Sempre com a preocupação de formar alunos e alunas de maneira crítica para que sejam capazes de perceber o verdadeiro papel da tecnologia e entender os riscos que ela traz se for mal empregada.
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Os riscos para alunos e alunas
O uso incorreto e, principalmente, excessivo da tecnologia pode trazer alguns riscos para alunos e alunas. Um deles é a dependência de dispositivos, em especial do smartphone.
Segundo um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, o risco de dependência é grande e traz consequências como dores de cabeça frequentes, comprometimento do sono, capacidade de concentração e déficit na aprendizagem.
Em casos mais graves, a dependência pode levar a crises de ansiedade e até a depressão. A dependência de tecnologia já é tratada como uma doença psiquiátrica. O estudo dos médicos da UFMG foi publicado na conceituada revista científica PloS One (em inglês).
Além do risco de dependência, a exposição sem o devido acompanhamento pode expor crianças e jovens a conteúdos impróprios, golpes, abusos e violência sexual.
Como lidar com os riscos
A melhor maneira de lidar com os riscos é preparar crianças e jovens para navegar de forma segura no universo digital. Essa preparação passa pelo desenvolvimento de habilidades socioemocionais, educação midiática e amplo diálogo com pais, mães e responsáveis.
Um estudante que aprende sobre os riscos de exposição que corre nas redes sociais, por exemplo, estará mais preparado para se proteger e evitar abordagens impróprias.
Um jovem que tenha bem desenvolvidas habilidades socioemocionais como concentração, autocontrole e gerenciamento de recursos, por exemplo, terá maior capacidade de controlar sozinho o tempo de uso de equipamentos tecnológicos.
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Tendências tecnológicas na sala de aula
No início deste ano (2023), o grande frisson foi o lançamento do ChatGPT – a ferramenta de inteligência artificial (IA) que responde perguntas feitas pelo usuário num texto coerente e estruturado. Nós até já dedicamos um post do Educador360 apenas a essa novidade (confira o link abaixo).
De maneira geral, a IA e os recursos de realidade aumentada ou de realidade virtual – como o óculos de realidade aumentada da Microsoft (Hololens) e o Oculus Quest 2, do Metaverso, por exemplo – devem ditar a tendência de incorporação de tecnologia na sala de aula.
Para se preparar para essas novidades, é importante que a equipe pedagógica da escola comece a estudar e entender esses recursos desde já.
Confira mais alguns textos que publicamos aqui no Educador 360 sobre essas tendências para que você possa iniciar esse aprendizado:
10 Comentários. Deixe novo
Excelente texto….
Sua visão e clara e profunda , e nos faz repensar quanto a nós professores.
Gostei.Excelente texto para o nosso conhecimento,como professores.
Só tem especialista na área de educação, gente que nunca ministrou uma aula em nenhum seguimento. Assim ,é fácil falar. Pura falácia!
Parabéns! Abordou o tema de forma clara e objetiva.
Muito interessante o texto. Porém, a realidade da educação no Brasil é outro contexto. A maioria dos professores não são treinados para trabalhar com a tecnologia. É o próprio sistema que não proporciona isso. Aí fica difícil!
Hoje em dia é muito difícil mensurar o quanto a tecnologia ajuda e atrapalha na formação do ser humano. Vivemos uma realidade onde cada vez mais as pessoas se conectam. Em todos os setores da sociedade vivem esta realidade. Onde vai chegar? Muito difícil de responder. Só o tempo para comprovar aquilo que é óbvio: tanto conhecimento disponível, pouca procura.
Sou estudante de graduação EAD pela Universidade Federal de Juiz de Fora, uso muito as tecnologias para estudar e gravar vídeos aulas, mas tudo com critérios e tempo específico, ética e profissionalismo pois é isso que devemos transmitir para os alunos .
Muito boa colocação, precisamos saber usar a tecnologia a favor e com limite na educação. Não é um campo sem freio. Tem que se ter objetivo saber o que se quer e onde se quer chegar
A linha que separa o uso correto e o incorreto da tecnologia na sala de aula é muito estreita e costuma ser ultrapassada com frequência. Não adianta alunos terem todo conhecimento na palma das mãos se só usam a tecnologia para ver memes, usar redes sociais e jogar. Usar essas tecnologias na sala de aula não é fácil, pq seu uso pedagógico não é interessante para os alunos, eles querem futilidade e não utilidade.
O celular se tornou o ópio da última década, e como tal traz mais prejuízos do que benefícios.
A escola e a educação perdem seu sentido quando o mundo esfrega na cara que é possível ficar rico com pouco estudo, sendo influencer, Youtuber, ou qualquer outra atividade que de dinheiro fazendo pouco. Por mais que nós adultos e educadores tenhamos consciência que isso é falso, essa juventude acredita e acha que estudar é perda de tempo.
A educação, especialmente no Brasil virou um monstro, daqueles que quando vc corta uma cabeça nasce outra. Vencer esse monstro vai levar tempo e precisa de persistência. Mas enquanto a educação ficar presa a pedagogias patéticas nada será resolvido.