Arte, cultura e a saúde mental na escola
A arte e a cultura têm um poder transformador que vai além do entretenimento, atuando como ferramentas vitais para o desenvolvimento da saúde mental em ambientes educacionais.
A arte sempre desempenhou um papel crucial na evolução humana, transformando-se de representações em cavernas para se tornar um componente essencial na expressão e compreensão de emoções complexas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a arte não apenas facilita a comunicação de conceitos e sentimentos, mas também ativa todos os sentidos, estimulando uma empatia profunda. Este aspecto é particularmente benéfico para a saúde mental, conforme destacado em um relatório de 2019, que analisou mais de 3 mil estudos sobre o impacto das artes no bem-estar humano.
Atividades como música, dança, artes plásticas e visitas a locais culturais podem desempenhar um papel significativo na prevenção de problemas de saúde mental e no manejo de condições já existentes. Estas práticas estão associadas à redução do estresse, da ansiedade e até ao risco de transtornos mentais como a depressão. Mais do que isso, envolver-se em atividades artísticas eleva a autoestima, a autoaceitação e a autoconfiança[Rs1] , essenciais para a resiliência psicológica.
Arte e cultura na sala de aula
Em um contexto educacional, a integração da arte e da cultura no currículo pode ser uma estratégia poderosa para fortalecer a saúde mental dos jovens. Um exemplo notável dessa abordagem é o projeto “Arte, Cultura e Saúde Mental“, uma parceria entre o Instituto de Psicologia da USP e o Centro de Integração Cidadania Oeste. Este projeto foca na prevenção de transtornos mentais entre jovens de escolas públicas, oferecendo uma alternativa ao tratamento psicológico tradicional, mas igualmente valiosa.
De acordo com Leila Tardivo, coordenadora do projeto, o objetivo é usar a arte e a cultura para melhorar o bem-estar e a qualidade de vida dos jovens, enquanto se previne o desenvolvimento de problemas mais sérios. A arte, neste contexto, serve como um meio de expressão e descoberta pessoal, que pode efetivamente prevenir condições adversas de saúde mental antes que elas se agravem. Este enfoque não apenas alivia a carga sobre o sistema de saúde mental, mas também capacita os jovens a lidar com suas emoções de maneira construtiva.
Ainda há muito a ser feito
Dados da Unicef e da Fiocruz revelam um aumento preocupante nas taxas de suicídio e autolesão entre jovens brasileiros. O projeto, portanto, é tão oportuno quanto essencial[Rs2] . Além de beneficiar diretamente os jovens, busca capacitar professores e administradores escolares a integrar as artes no cotidiano educacional, promovendo um ambiente que favorece a saúde mental contínua e a expressão cultural.
A arte e a cultura são mais do que simplesmente ferramentas educacionais; são essenciais para o desenvolvimento humano e social. Ao adotar uma abordagem que valoriza as expressões culturais e artísticas, podemos não apenas educar, mas também curar e enriquecer as vidas dos jovens. Este é um chamado para que políticas públicas e iniciativas educacionais reconheçam e integrem o poder terapêutico da arte, garantindo um futuro mais saudável e resiliente para as próximas gerações.