10 dicas práticas para começar a inovar em sala de aula
Ao participar de um desafio proposto pelo expert em Design Thinking Ewan McIntosh, durante uma conferência de TED, a professora Joy Kirr não imaginava o quanto isto poderia ser significativo para sua maneira de ensinar em sala de aula.
O desafio foi o seguinte: “Escolha um problema na sua escola e comece a trabalhar nele hoje”.
A lógica partiu do princípio de que os professores se encarregam da parte mais importante do aprendizado. Eles estudam muito sobre um tema e só depois levam um problema “pronto” para as crianças. Este problema também é hipotético e geralmente está muito longe da realidade dos alunos. Dessa forma, os alunos não aprendem a se questionar verdadeiramente.
Sendo professora de Inglês do sétimo ano, Kirr focou na dificuldade de leitura em sua escola. Ela reparou que só era pedido que os alunos lessem 1 livro por semestre. Mas, na verdade, poderiam estar lendo muito mais.
Então ela explorou o conceito de “Hora do Gênio” (de Genious Hour, em inglês), uma tática de aprendizado que se baseia em uma prática do Google. Durante esta uma hora, os funcionários podem se dedicar a algum projeto de inovação pelos quais eles se sentem apaixonados. Para a sala de aula no caso de Kirr, esta uma hora serviu para que as crianças pudessem ler sobre o que quisessem.
A única expectativa é de que eles aprendessem algo e depois compartilhassem com a sala. Com isso, a professora pretendia que as crianças encontrassem prazer na leitura.
Os resultados de aproveitamento foram tão positivos, que Kirr escreveu um livro: “Shift This!: How To Implement Gradual Changes For MASSIVE Impact In Your Classroom.” (em tradução livre: Mude isto!: Como implementar mudanças graduais para impacto massivo na sua sala de aula).
De acordo com seus aprendizados, ela divulga 10 conceitos principais na maneira como os professores podem direcionar suas aulas para que mudanças efetivas aconteçam no dia-a-dia:
1. Faça muitas perguntas
Como educador, você deve se questionar o tempo todo. “Se você não tem um porquê, então o ‘como’ e o ‘o que’ vão desmoronar”, disse Kirr.
Isso porque de nada adianta inovar por inovar. Se quiser trazer mudanças significativas para a escola, precisa estar sempre fazendo perguntas que remetam à fonte.
Existem cada vez mais modelos de educação que se mostram diferentes dos padrões conhecidos em sala de aula. Assim, também se torna mais difícil decidir sobre o que de fato transformar. Lembre-se, a eficácia das respostas precisa se conectar com a inteligência das perguntas. Qual o motivo por trás de cada mudança?
2. Faça também aquilo você acredita que é bom
Hoje boa parte dos educadores é refém de cronogramas que precisam ser seguidos à risca. Mas, infelizmente, nem sempre eles refletem os valores e a realidade de quem ensina e ainda menos de quem aprende.
Dessa forma, separar um tempo, nem que seja uma hora por dia ou por semana para aquilo que você realmente acredita, é o que pode fazer toda a diferença.
3. Separe um tempo para compartilhar
“As pessoas querem compartilhar”, disse Kirr. “Temos que dar tempo de aula para compartilhar.”
Não há melhor forma de estimular o protagonismo do aluno, que não por meio do compartilhamento de seu conteúdo pessoal. Este pode ser tanto sua história, seu conhecimento recém adquirido ou mesmo a interpretação daquilo que vivenciou.
Estimular atividades que permitam essa prática de maneira espontânea, sem atrelar resultados às notas, é uma ótima forma de medir o verdadeiro engajamento desses alunos.
4. Permita que os alunos pratiquem
De acordo com estudos o nível de absorção de aprendizagem diante de uma experiência prática gira em torno de 50% a 90%. Isso é muito maior do os estímulos passivos, que giram em torno de 10% a 40%.
Além disso, a prática traz empoderamento aos alunos e permite que eles criem vínculos de significado. Quanto mais estiverem atrelados à sua realidade próxima e ao cotidiano, melhor ainda o aproveitamento!
5. Separe um momento para reflexão
A reflexão individual permite que os alunos possam ir para outros níveis além das expectativas do estudo em si. Algo que irá florescer especialmente na adolescência mas precisa ser estimulada de maneira saudável desde a infância.
Refletir sobre o próprio conhecimento estimula habilidades metacognitvas que os faz pensar sobre o que e como estão aprendendo.
6. Antes de fazer perguntas aos alunos, ouça e os responda
Essa é uma prática que pode acontecer independente do estilo do professor ou dos métodos. Uma maneira de fazer com que os estudantes se sintam proativos.
É importante ouvi-los para que eles percebam o seu valor em sala de aula, enquanto se aprofundam no conteúdo.
7. Assuma riscos
Geralmente os educadores e professores não se sentem à vontade em assumir riscos. Mas este é um fator que irá acelerar o desenvolvimento das aulas e que pode ocorrer até nas escolas tradicionais.
Há sempre algo para inovar a curto prazo, sem que saibamos exatamente como será recebido pelos outros, como os pais. Portanto, é preciso assumir riscos “controláveis” e que abra espaço para a criatividade.
8. Se comunique com os pais e com o mundo
Quando você faz coisas diferentes dos padrões, seja implementando aquilo que acredita ou assumindo riscos, garanta que os pais dos alunos e a maior quantidade de pessoas envolvidas com a comunidade escolar, também estejam alinhadas.
Nessas horas, vale revisitar o seu “porquê” para que as motivações por trás do seu estilo de ensino façam sentido a todos. Promova reuniões, debates e exponha os novos projetos e práticas!
9. Mude sua linguagem na frente das crianças, seus colegas e em seus pensamentos
A professora Kirr as vezes chama seus estudantes de: “leitores”, “pesquisadores” e “colaboradores” dependendo da habilidade a ser enfatizada.
De acordo com ela, mudar os rótulos cria diferentes percepções nas mentes dos alunos e também dos professores durante o processo.
10. Procure suporte
Trabalhar com inovação requer paciência e muitos testes. Este é um caminho que pode soar solitário, especialmente no começo. Por isso, é essencial compartilhar com outros professores e mesmo procurar por ajuda através de outras experiências além da escola.
Este processo também poderá ajudar para que outros professores se sintam encorajados a mudar!
Comece pelo simples
Por incrível que pareça, o mais difícil não é fazer mudanças, mas trocar a mentalidade e o padrão de hábitos. Quando uma professora consegue melhorar o nível de suas aulas por meio do simples hábito da leitura, vemos que a forma de se fazer algo e os propósitos por trás disso, importam mais do que o conteúdo em si.
E dentro da sua escola, qual é o problema que você pode começar a resolver hoje enquanto se dispõe a mudar a mentalidade de ensino?
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