Gênero: o pai de todos os temas delicados
Na sequência da série sobre como trabalhar questões sensíveis na escola, chegou a hora de abordar a mais controversa de todas: identidade de gênero.
O termo gênero virou sinônimo de controvérsia no Brasil. A ponto de o Ministério da Educação tirá-lo da versão final da Base Nacional Comum Curricular, a BNCC. O fato de não constar no documento oficial, todavia, não elimina do ambiente escolar, um espelho da sociedade, a existência da diversidade sexual, de resto presente em todas as esferas da nossa vida pública e privada.
Dessa forma, em nosso post de hoje, vamos aplicar o Método Metacognitivo do Detetive, do Programa MenteInovadora, para tentar ajudar educadores e gestores a responder algumas perguntas que podem nortear o trabalho com identidade de gênero.
Pronto para começar? Então vamos lá.
Por que a escola precisa trabalhar esse tema?
Muitos educadores e gestores o evitam por causa da enorme polêmica que costuma levantar. Se não despertarmos o fantasma, ele não nos atormenta, certo? Bem, mais ou menos. A harmonia dura apenas até surgir o primeiro aluno que se identifique numa identidade de gênero fora do chamado “normal”. Então, quando isso acontece, o tema surge no ambiente escolar como se fosse um problema a ser resolvido. Surpreendidos pelo caso e pressionados pelas famílias, direção e professores quase sempre se veem perdidos e, não raramente, enveredam pelo caminho errado.
Como evitar que o tema se torne um problema?
O ideal é a escola se antecipar. O primeiro passo é reconhecer que a diversidade de gênero não é um problema, mas sim um fato real do mundo em que vivemos e com o qual precisamos aprender a conviver. A partir dessa percepção, envolva a equipe pedagógica na elaboração de um plano pedagógico com ações concretas, da Educação Infantil ao Ensino Médio, para disseminar nos alunos a solidariedade, o respeito e a empatia. Deixe sempre muito claro para as famílias como a escola trata a questão.
O que eu devo ensinar sobre esse tema?
O objetivo principal deve ser um convite à reflexão, com o intuito de combater o preconceito e a discriminação. Lembre-se: o problema social não é a diversidade de gênero, mas sim a violência e a discriminação que resultam do preconceito.
Como eu lido com as ansiedades e os preconceitos dos pais?
Conversas francas com as famílias que se sintam incomodadas são fundamentais. Mostre aos pais que a diversidade existe na sociedade como um todo. Mais cedo ou mais tarde, essas crianças e jovens irão conviver com ela. Portanto, melhor que aprendam os valores de respeito e equidade desde cedo.
Qual a idade ideal das crianças para iniciar o trabalho com esse tema?
Especialistas defendem que já a partir da Educação Infantil é preciso trabalhar a construção da ideia de gênero e de papéis sociais. Para os pequeninos, a escola deve disponibilizar todos os tipos de brinquedos, especialmente os que fujam de estereótipos de “feminimo” e “masculino”, dando liberdade para que a criança escolha com qual quer brincar. Da mesma forma, nas brincadeiras de faz de conta, tarefas como limpar a casa, cuidar do bebê, trabalhar e dirigir não devem ser determinadas para meninos ou meninas. O ideal é deixar a criança livre para escolher o papel que ela quer desempenhar.
Como lidar com os dogmas religiosos?
Ninguém ensina respeito se não for capaz de respeitar. Se você tiver alunos que cultivam valores religiosos frontalmente contrários à diversidade de gênero, não os desqualifique. Proporcione espaço para que esses alunos se coloquem e mostre que todas as ideias merecem ser ouvidas e debatidas. O ideal é tentar mostrar que você não pretende mudar a maneira como eles pensam. Da mesma forma que não vai julgá-los por suas crenças, porém, espera que eles desenvolvam a capacidade de respeitar quem pensa e é diferente deles. Com respeito mútuo entre todos, construímos juntos um mundo melhor.
Se você quiser enveredar também pela questão da igualdade de gênero, confira este outro post aqui no Educador360.
14 Comentários. Deixe novo
Precisamos aprender com as diferenças,repeita-la e saber que não ser igual ou não pertencer a esse ou aquele determinado modelo vai nos tornar menos qualificado.É preciso ser mais tolerante e capaz de conviver com o diferente sem violência.
Sabemos que é um tema complexo para trabalhar ,porém a nossa sociedade muitas vezes mostra para as crianças todos dias o preconceito . Negro e pobres são discriminados todos dias desde a infância. E cabe o educador acolher essas crianças mostrando que independente da etinia , religião somos seres humanos com competência e habilidades . Ninguém é melhor e nem pior . Temos sabres diferentes .
O tema é sempre conflituoso e sua abordagem deve ser precisa. O grupo escola deve antecipar-se, discutindo-o à exaustão, pois, hora ou outra, ele emergir e não se poderá fugir a ele. Professores devem afinar-se em seus discursos, mantendo sempre a defesa aos direitos individuais de orientação, opção e ao respeito pela escolha de cada um.
Esse é um tema complexo ,porém a nossa sociedade muitas vezes é preconceito . Negro e pobres são discriminados todos dias desde a infância. E cabe o educador apresentar que independente da etinia , religião somos seres humanos e que temos sabres diferentes
Temos que aprender a respeita as diferenças, não importa sua raça, cor, religião , posição social, pois todos somos iguais.
Tema difícil na abordagem mas necessário; no dia a dia da escola nos deparamos com muitas situações de bullying e o gênero por vezes será o gatilho…
dificil abordar, mas possivel desde que haja sensibilidade
Tema difícil na abordagem,porém necessário no dia a dia da escola .
Tema difícil de se trabalhar, na educação infantil por meio das brincadeiras simbólicas eles vivenciam diversos papéis, nesse contexto se trabalha o respeito mútuo.
Acho esse tema muito difícil de trabalhar na educação infantil, cabendo a família essa responsabilidade.
Acredito que esse tema é muito difícil de trabalhar na educação infantil, deixando para a família essa responsabilidade.
Respeito é o melhor caminho para saber lidar com as diferenças e jamais aceitar qualquer atitude violenta,preconceituosa.
Trabalhar o respeito acima de tudo.
Sim, devemos explicar de qual gênero vamos falar, fazer uma boa escolha para evitar as falácias preconceituosas.