Reprovação é o melhor caminho? Algumas alternativas para considerar antes de repetir um aluno de ano
Tanto a aprovação automática quanto a reprovação ajudam a aumentar as estatísticas de evasão escolar. Isso ocorre porque, enquanto a primeira opção facilita demais, a segunda não apenas dificulta como também atrasa o progresso estudantil. No entanto, a consequência é a mesma para os dois casos: desmotivação nos estudos.
É por isto que na contramão dos caminhos tradicionais, surgem alternativas que estimulam a recuperação do aprendizado de maneira equilibrada.
Entre elas estão os ciclos escolares, a recuperação paralela e contínua além de contraturnos das aulas. Os especialistas apontam para métodos preventivos que sinalizem e contornem problemas antes do momento avaliativo final. Dessa forma, é preciso considerar uma reforma nas avaliações e o apoio emocional como termômetros capazes de indicar o desempenho do aluno ao longo do ano.
Entenda agora mesmo as alternativas à reprovação e os caminhos de acompanhamento que podem ajudar a evita-la!
Ciclos Escolares
A ideia dos ciclos escolares propõe a eliminação das séries divididas por anos, que seriam substituídas por períodos maiores de tempo. Conforme a proposta, o currículo ganha uma perspectiva mais flexível, diminuindo a pressão a curto prazo em torno da ideia de “passar de ano”.
De acordo com o educador Ebenezer Takuno de Menezes: “O sistema de ciclos tem origem nos termos da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que concedeu autonomia a Estados, municípios e escolas para adotar, ou não, esse sistema. A LDB determina que, nos ciclos, a avaliação deve ser feita no dia-a-dia da aprendizagem, de diversas formas, incorporando-se à educação formal a experiência de vida trazida pelo aluno do seu universo familiar e social. De acordo com esse sistema, por exemplo, o ensino fundamental possui dois ciclos: um da primeira à quarta série e outro da quinta à oitava.”
Diversos países da União Europeia adotam o sistema com sucesso, mas no Brasil o único projeto é a Escola Plural, em Belo Horizonte.
Um dos fatores a se considerar é a continuidade da formação que necessita ter algum padrão de uniformidade. Afinal, neste tempo os alunos podem até mesmo mudar de escola. Para isto, é preciso manter um histórico fiel ao aprendizado dos alunos e treinar professores para ensinar em um formato mais abrangente.
Recuperação Paralela e Contínua
Uma segunda alternativa, mais alinhada e viável para os padrões de ensino atuais, é uma recuperação paralela e contínua.
Isto significa que o aluno poderá seguir para o próximo ano desde que, em paralelo, continue estudando aquilo que não assimilou no ano anterior. Porém, a escola também deve fornecer uma nova abordagem com relação àquela em que o aluno não se adaptou.
Além disso, a recuperação precisa ser prolongada. Considere que a defasagem de um ano não irá ser suprida em uma semana ou mês. Nesses casos, a carga horária diária irá aumentar e por isto a escola precisa considerar o nível de comprometimento do aluno e mesmo da família com a proposta.
Contraturno
O contraturno também pode ser visto como uma forma de “recuperação antecipada”. Ou seja, antes mesmo da reprovação os professores direcionam para aulas extras aqueles que não apresentarem um bom desempenho no dia-a-dia.
Apesar de não ser obrigatório, é uma oportunidade de acompanhar o ritmo dos estudos no contraturno de suas aulas tradicionais. Neste período, espera-se que eles ganhem um reforço ao rever o conteúdo, tirar dúvidas e fazer exercícios.
Para ajudar, os pais precisam estar cientes e serem alertados sobre a possibilidade de reprovação posterior caso não seja feito o reajuste. A vantagem é que não há um período determinado para que o aluno permaneça acompanhando essas aulas. Desde que ele se recupere, poderá voltar a frequentar somente as aulas normais.
Métodos de acompanhamento
De acordo com os especialistas, o foco de mudança também pode ser invertido do aluno para a escola. O que significa rever as formas de avaliação e mesmo as metodologias se for o caso.
A começar pelas avaliações que passam a ser formativas, com foco no reajuste do processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, os erros não são vistos como problemas fatais que rotulam os alunos como bons o suficiente ou não. Pelo contrário, são caminhos indicativos que promovem transformações essenciais capazes de extrair o melhor de cada um.
De acordo com Raquel Lazzari, da Unesp: “Uma avaliação formativa promove a reflexão. Mas o que acontece, em geral, é que as escolas aplicam provas classificatórias, com o objetivo de dar uma nota e concluir se o aluno está apto ou não para ser aprovado”, afirma Raquel. “É preciso rever isso.”
Da mesma forma, a escola deve se tornar responsável por acompanhar e estimular o amadurecimento emocional de seus alunos. Afinal, muitos casos de reprovação têm origem em problemas mais profundos, seja uma crise em casa, como a separação dos pais ou outras questões pessoais que requerem análise e desenvolvimento para além dos conteúdos tidos em sala de aula. Alguns deles são motivos de estresse gerados na própria escola.
Analise as alternativas e deixe nos comentários se você também acredita nesses caminhos como parte de uma nova gestão pedagógica. Caso possua outras sugestões, fique à vontade para compartilhar!
5 Comentários. Deixe novo
Creio que há um equivoco quando coloca-se que no Brasil apenas uma escola utiliza o sistema de ciclos. Na rede municipal de Curitiba todas as escolas da prefeitura utilizam esse sistema há muitos anos.
Eu concordo com as afirmações, e defendo que o reforço no contra turno só vai fazer efeito se as atividades em sala de aula for adaptado conforme o nível de aprendizagem do aluno.
A escola, principalmente a pública, deveria ter parceria com universidade/faculdade para trabalhar esse contraturno, recuperação e reforço, não somente nas disciplinas da grade, também psicologia e pedagogia.
Concordo, mas acredito na importância do reforço paralelo para adequar atividades aplicadas de acordo com o nível de conhecimento do aluno.
Precisamos ficar atentos para evitar uma aprovação formal, onde aparece no currículo o aprovado mas, na verdade, a pessoa não aprendeu nada.