Ensine seus alunos a usarem o celular
Ensine seus alunos a usarem o celular
Um dos fenômenos que vai perdurar após o fim da pandemia é o uso de telefones celulares por crianças cada vez mais novas.
Afinal, muitas delas tiveram de recorrer aos smartphones durante o atendimento remoto. O que levou muitas famílias a antecipar a idade com que presenteiam os filhos e filhas com um telefone celular.
Mas será que crianças estão prontas, aos 8, 9 ou 10 anos de idade, para ter um celular? Elas já conquistaram a maturidade necessária para lidar com tantas novidades e com a perspectiva da exposição pública trazida por esse equipamento?
Especialistas em desenvolvimento infantil são unânimes em afirmar que não. Os mais liberais recomendam que as crianças só ganhem o próprio celular depois dos 12 anos.
O fato, porém, é que na vida real essa idade está sendo antecipada pelas famílias. Por isso, é papel da escola ensinar seus alunos a usarem o celular. E também orientar pais e mães sobre a dimensão pública envolvida nessa decisão.
Confira a seguir algumas orientações que a sua escola pode passar tanto para as crianças quanto para os responsáveis sobre o uso do aparelho:
1. Explique que o celular registra tudo o que é enviado
É natural que crianças e mesmo jovens cometam erros no dia a dia e vivam conflitos nas amizades. Quando esses conflitos são discutidos por meio de aplicativos como o WhatsApp, por exemplo, eles ficam registrados. Ensine aos seus alunos e alunas que a troca de mensagens deve ser mais cuidadosa. Uma frase gravada num momento de irritação pode conter afirmações que a criança não gostaria de fazer. O problema é que, ao ficar registrada, essa frase pode ser distribuida infinitamente e gerar uma situação de estresse. Oriente as crianças e jovens a pensar com muito cuidado antes de registrar respostas e a dar preferência para resolver desentendimentos em conversas pessoais, se possível com a presença de um mediador adulto.
2. Ensine a preserver a privacidade
A criança e os jovens devem ser orientados a jamais escrever ou falar sobre coisas que sejam muito íntimas, e principalmente a evitar o envio de imagens muito pessoais. O ideal é compartilhar apenas apenas coisas das quais ela dificilmente se arrependerá no futuro.
3. Nunca compartilhe conteúdo de amigos
Essa é uma questão que surge muito frequentemente e pode causar ruídos. A criança recebe um áudio ou uma mensagem escrita de um amigo ou amiga. Gosta do que recebeu e imediatamente repassa para outros colegas. O problema é que o autor da frase, muitas vezes, não queria que outros o ouvissem falando aquilo. Então é importante orientar seus alunos e alunas a jamais compartilhar falas, prints de conversas ou imagens pessoais dos amigos sem pedir autorização prévia. Mesmo que o amigo ou amiga autorize, oriente as crianças e jovens a pensar se é realmente necessário fazer o compartilhamento, porque o amiguinho pode se arrepender no futuro
4. Ensine a criança a se posicionar nos grupos
Muitas vezes, a conversa em grupos pode tomar rumos que não são muito saudáveis, com ofensas e desrespeito a alguns colegas e até mesmo a professores e professoras. Oriente os alunos e alunas a evitarem esse tipo de conversa mas, caso ela ocorra, ensine que é importante sempre se manifestar para deixar clara a discordância daquilo que está acontecendo. O registro da discordância preservará a criança ou o jovem de eventuais acusações futuras, inclusive legais, de omissão ou cumplicidade em caso de um processo judicial.
Além de educar as crianças sobre como se comportar nesse mundo virtual, é importante que a escola oriente também os pais e mães. Eles devem ser o porto seguro da criança. É a eles que as crianças e jovens devem recorrer sempre que se depararem com uma situação que cause desconforto e com a qual não saibam lidar. Professores e professoras também podem fazer ese papel de mediação, protegendo crianças e jovens de situações para as quais eles ainda não estão preparados. O papel dos adultos é assumer o controle para evitar danos se alguma comunicação estiver tomando rumos indesejáveis.
Com essas dicas, sua escola vai conseguir estabelecer uma cultura de comunicação digital mais saudável entre alunos e alunas. Lembre-se de que há um aprendizado novo, não apenas para as crianças e jovens, mas também para as famílias e para professores e funcionários. Oriente seus colaboradores a ficarem atentos e a buscar sempre abrir o diálogos com a comunidade: a perspectiva pública do celular torna imprescindível o acompanhamento do seu uso pelas crianças.
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