Planejamento escolar para o segundo semestre: Saiba como reavaliar objetivos e caminhos antes que o ano acabe!
Não é novidade que os gestores escolares devem ter visão estratégica sempre, ou seja, durante o ano todo. Porém há momentos em que a importância do planejamento escolar torna-se ainda mais evidente. Esse é o caso de passagens como o começo e o meio do ano, que separam anos letivos e semestres.
Nestes momentos os gestores irão decidir não apenas contratações de professores, funcionários e fornecedores. Além disso, irão rever metodologias, infra-estrutura, se adaptar às possíveis reformas educacionais, entre outras questões que necessitam de continuidade. Por isso mesmo, requerem estrutura e não podem ser alteradas a qualquer momento.
O problema é que o planejamento é focado muito mais na mudança de ano letivo e não na de semestres. Assim, o segundo semestre acaba por se tornar uma extensão do primeiro, onde perdem-se oportunidades de reavaliações.
Afinal, muitas decisões, especialmente de começo de ano, ainda estão em fase de testes e podem ser melhoradas. Portanto, ignorar esse momento e deixar para analisar resultados ou criar novos direcionamentos apenas no final do ano não é o caminho ideal.
Ainda assim, não se pode negar que algumas decisões são menos flexíveis até devido a burocracias contratuais e acordos. Por exemplo, se a sua escola define um modelo de uniforme escolar, seria estranho alterá-lo quando todos já estão com os uniformes comprados no meio do ano. Além do mais, essa não é uma decisão que afeta diretamente na aprendizagem dos alunos e talvez possa esperar.
Então, quais seriam os pontos mais importantes e flexíveis para se reavaliar e ter o melhor aproveitamento de cada semestre? E como decidir o que deve ser deixado de lado e o que pode receber ainda mais atenção?
Desistir, manter o ritmo ou dobrar esforços?
De acordo com o texto publicado originalmente em inglês: When to Quit and When to Double Down (“Quando desistir e quando dobrar os esforços”, em tradução livre), de Stephen Guise, quando lidamos com qualquer situação em andamento, existem 3 grandes níveis de decisões básicas:
1. Desistir, 2. Manter o Ritmo ou 3. Dobrar os esforços.
Especialmente considerando situações de dúvidas e incertezas, não é incomum transitar entre desistir ou se esforçar mais. Afinal o ritmo atual não está trazendo os resultados desejados.
Para ajudar a tomar a decisão o autor traz alguns questionamentos e entre os principais deles estão:
1. Como isso te afeta?
No caso dos gestores escolares, essa pergunta pode ser adaptada a: como isso afeta os alunos e sua educação?
E quando falamos em afetar, estamos considerando a um nível de objetivos, ainda que exija esforços e desafios. É necessário se questionar se existe crescimento e melhorias quando não a curto, ao menos a longo prazo.
Questione se mudar promove crescimento e evolução de fato, em um nível maior de profundidade.
2. Quais são os riscos e recompensas?
Aqui o autor nos convida à seguinte reflexão: “Analise seu custo de tempo, dinheiro e energia comparado a ganhos potenciais. Existem dois fatores de risco e recompensa. Obviamente, é o que você está perdendo contra o que você ganha. Isso está incompleto, no entanto, porque não inclui a probabilidade de cada um. Ganhar na loteria envolve um risco pequeno em investimento de dinheiro e a recompensa é tornar-se rico da noite para o dia, o que parece incrível até você descobrir que a chance de perda está quase garantida.”
Em resumo, seus esforços valem a pena considerando riscos e acertos? Ou seja, se não der certo, o que você estará perdendo? E se der, o que você estará ganhando? E por último, quais são as probabilidades de que cada uma dessas coisas aconteça?
Reavaliar X Transformar
Antes de mais nada, lembre-se que tudo pode (e deve) ser reavaliado para o segundo semestre. Um bom caminho para isso, é ouvir alunos, pais e professores seja através de pesquisas ou reuniões. Também é possível analisar os feedbacks espontâneos recebidos ao longo do primeiro semestre.
Além disso, não deixe de considerar resultados mais objetivos como notas ou taxa de evasão. Um outro ponto é entender que reavaliar não se trata apenas de observar resultados do passado que deram certo ou errado. Reavaliar também é olhar para o futuro e completar o trabalho com aquilo que ainda não está sendo feito mas pode trazer melhorias.
Sendo assim, faz parte do papel da gestão, reavaliar tudo sempre que possível. Principalmente em finais de ciclos, sejam eles maiores (ano) ou menores (semestre, trimestre, bimestre).
Ainda assim, sabemos que durante o processo de mudanças, a análise pode e deve acontecer em escalas menores de tempo, mas nem tudo pode ou precisa ser transformado com tanta rapidez!
É possível identificar transformações que não são prioritárias e poderão sim ser deixadas para o próximo ano letivo. O problema seria não fazer transformação nenhuma ao identificar pontos importantes e sensíveis.
O que mudar para o segundo semestre?
Então, para entender o que pode e deve de fato ser mudado no meio do ano, as perguntas do autor Stephen Guise são uma ótima base de reflexão.
Quando voltamos ao exemplo dos uniformes, é fácil perceber que a questão não afeta o aprendizado em profundidade. O que já responde a primeira pergunta. E quando avançamos para a segunda pergunta, os riscos de ganhar a antipatia dos pais fazendo-os gastar mais com algo que não é tão relevante, também é grande.
Ou seja, essa ideia (muitas vezes) pode ser descartada, considerando mudanças para o segundo semestre de um ano que já está em andamento.
Olhando por outro lado e pensando em mudanças que podem impactar os alunos e valem o risco, podemos citar a inclusão de novas competências e habilidades no ensino. Essas sim, com grande potencial de impacto e crescimento. E mesmo considerando os riscos, se tratando de aprendizado, não há muito a se perder ainda que uma metodologia ou caminho específico não funcione como esperado.
A inclusão de matérias ou programas intra e extracurriculares podem trazer amplos benefícios aos alunos, oferecendo uma nova chance que vale a pena no mínimo ser testada. Mesmo que sejam exigidos esforços de investimento e treinamento, os resultados têm grandes chances de se compensarem por si só.
Principalmente ao se levar em conta as novas exigências de reformas escolares e do mercado de trabalho, um semestre pode ser tempo demais para ficar totalmente parado nesse sentido.
Da mesma maneira pode ser identificado que os professores precisam de certo treinamento. A formação de professores também não é algo a se esperar pois possui grande impacto na educação dos alunos. Nesse caso, também há mais a se ganhar do que se perder. E as chances de se obter bons resultados também são altas.
Só não deixe de mudar!
Portanto, considere essas reflexões antes de promover uma mudança de semestre a curto prazo. Na dúvida, vale citar mais uma frase de Stephen Guise sobre quando a mudança vale a pena: “Quando ela dá mais do que tira”.
Aproveite o final de mais um semestre para primeiro: reavaliar todos os pontos de sua escola e segundo, conforme essa reavaliação, transformar aquilo que é necessário de acordo com prioridades definidas por ganhos, riscos e probabilidades.
No final, a decisão será sua, mas o que não vale é deixar o segundo semestre passar em branco, sem nenhum tipo de mudança estratégica!