O que é mediação escolar?
O que é mediação escolar?
Quem leciona nas grandes cidades conhece bem o que significa a reverberação da violência urbana dentro do ambiente escolar.
Além disso, sem falar na indisciplina, outro problema recorrente que afeta professores, professoras e a aprendizagem dos alunos e alunas.
Contudo, existe uma abordagem eficiente para lidar com essas questões: a mediação na escola.
Violência escolar
A primeira coisa que vem à mente quando surge o tema violência escolar são os casos de brigas entre gangues, disputa pelo tráfico de drogas no entorno de escolas em regiões vulneráveis, perseguição a alunos… Nem os professores e as professoras escapam dessa realidade.
O fechamento das escolas por conta da pandemia esfriou um pouco o assunto. Entretanto, no final de 2019, uma pesquisa realizada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosp) mostrou que, naquele ano, 81% dos estudantes e 90% dos educadores relatavam ter tomado conhecimento de casos de violência nas escolas em que estudavam ou lecionavam.
Naquele mesmo ano, 54% dos professores haviam sido vítimas de algum tipo de violência.
Todavia, esse fenômeno não é exclusivo das unidades escolares localizadas nas periferias mais vulneráveis das grandes cidades.
Casos mais comuns
As ocorrências mais frequentes de violência apontadas pela pesquisa nas escolas estaduais paulistas envolvem comportamentos que podem ser verificados em qualquer unidade escolar brasileira – seja ela pública, ou privada.
Desse modo, a primeira modalidade de violência relatada é o bullying, seguida por agressão verbal, agressão física e vandalismo.
Reflexos na aprendizagem
Essa sensação de confusão e tumulto é um grande inimigo da aprendizagem.
Afinal, uma criança ou jovem que não se sente seguro na escola não estará em sua plena capacidade de aprender.
Da mesma forma, um professor tenso e preocupado com a própria segurança e a de seus estudantes não consegue dar o melhor de si.
É aí que entra o papel da mediação escolar.
O que é mediação escolar?
A mediação escolar nada mais é do que a aplicação das práticas de mediação de conflitos no ambiente escolar.
Na esfera do mundo jurídico, a mediação de conflitos é um método eficiente para buscar a harmonia social utilizando a solução pacífica de controvérsias.
No ambiente escolar, a mediação busca promover a comunicação aberta, o diálogo, e desenvolver entre estudantes e educadores a predisposição para ouvir, a conviver e a se colocar no lugar do outro.
Dessa forma, os estudantes aprendem a compartilhar emoções, a reconhecer suas qualidades e dificuldades.
Fortalecem, assim, a autoconfiança e desenvolvem o pensamento criativo no contexto da resolução pacífica dos conflitos.
O papel da mediação
Como você já percebeu, a mediação escolar atua dentro de um conjunto de desenvolvimento de habilidades socioemocionais. E tem a capacidade de atuar não apenas sobre os casos de violência no ambiente escolar, como também na prevenção da indisciplina.
O papel da mediação é promover uma cultura de paz por meio da transformação dos alunos, prevenindo assim o surgimento de situações de agressão e bullying, e dando novas ferramentas ao professor mediador ou professora mediadora para atuar sobre esses casos, quando eles acontecem.
Como se tornar um educador mediador?
Para se tornar um mediador de conflitos, o professor deve passar por formação específica. Por isso, existem cursos de pós-graduação na área reconhecidos pelo Ministério da Educação, e também cursos de formação oferecidos por algumas secretarias de educação estaduais e municipais.
Uma característica importante que todo educador deve ter para mediar conflitos é a disposição para abordar as dificuldades prontamente, assim que elas surgem. Assim, isso evita que o conflito escale e se transforme num problema maior.
10 dicas para atuar como um mediador na sua turma
- Observe a turma – Em geral, os bons professores e boas professoras conhecem suas turmas e sabem quando alguma coisa está estranha. Por isso, observe as dinâmicas de comportamento para detectar alterações de humor e se antecipar a eventuais conflitos.
- Combata a boataria – Se você perceber que alguns alunos estão falando mal de outros, ou difundindo fofocas, interrompa esse comportamento. Chame todos para conversar e explique que você não aprova esse tipo de boataria, porque ela pode levar a conflitos.
- Diminua a agitação – Muitas vezes, é comum que a turma fique agitada por algum fator externo, ou mesmo por ansiedade causada por alguma situação nova. Nesse sentido, proponha dinâmicas para ajudá-los a reconhecer o estado emocional que estão atravessando, o que ajuda a acalmar a turma.
- Nunca perca o controle – Lembre-se, você é o exemplo para os seus alunos. Por isso, para atuar como mediador, o professor ou professora deve ter a capacidade de se manter sempre calmo(a).
- Desarme a bomba-relógio – Se a situação já escalou para uma discussão, o primeiro passo é esfriar os ânimos. Calmamente, exerça a sua autoridade e explique que você vai ajudá-los a solucionar a questão, mas precisa que os envolvidos estejam dispostos a colaborar contando calmamente o problema que enxergam e revendo suas próprias posturas.
- Isole o problema – Mudar de ambiente e tirar os alunos que estavam discutindo do centro do palco pode ajudar a acalmar os ânimos. Eventualmente, muitas vezes, a plateia e a interferência dos colegas de sala acabam aumentando a temperatura da discussão.
- Crie regras para o diálogo – Abra o canal de comunicação, que muitas vezes está bloqueado no momento da discussão. Dado isso, explique que, para ser saudável e proveitoso, o diálogo deve ser respeitoso. Cada um fala na sua vez, sem ofender o outro, expondo o que o desagradou. O outro deve ter consideração, respeitar o momento de fala do colega e se propor a ouvir o que está sendo colocado.
- Estimule a empatia – Proponha que os dois alunos troquem de posição e observem a situação do ponto de vista do oponente. Como eles sentem? Que emoções são despertadas? A empatia pode ser uma ferramenta poderosa para encaminhar a solução do conflito.
- Crie coletivamente normas de convivência – Envolva toda a turma na criação de um conjunto de regras que possa facilitar a convivência e evitar futuros conflitos. Quando participam da criação das regras, os estudantes tendem a respeitá-las mais.
- Desenvolva as habilidades socioemocionais da turma – Um grupo de alunos com habilidades socioemocionais bem desenvolvidas tende a diminuir naturalmente a quantidade de conflitos. E quando eles acontecem, os próprios alunos conseguem solucioná-los de maneira mais produtiva, sem deixar que eles derivem para situações de violência.
Habilidades socioemocionais
Por que o desenvolvimento de habilidades socioemocionais diminui a ocorrência de conflitos?
Um bom programa de educação socioemocional ajuda os estudantes a reconhecerem as emoções que os afetam e a refletirem sobre elas.
As emoções negativas continuarão existindo, claro. A diferença é que crianças e jovens, ao reconhecê-las, desenvolvem ferramentas próprias para lidar com a situação sem se deixarem dominar pelas emoções negativas.
Outra habilidade socioemocional que se desenvolve é a de resolução de conflitos.
No Programa MenteInovadora, todos os professores passam por formação para se tornarem mediadores da aprendizagem e também aprendem a lidar melhor com conflitos.
Conheça mais sobre o Programa MenteInovadora e descubra como ele pode ajudar a trazer a mediação escolar para dentro da sua sala de aula. Veja outros conteúdos como esse em nosso blog!
4 Comentários. Deixe novo
Material excelente. Parabéns!
Bom dia!!! Estou fazendo um pós graduação em Mediação, como professora aposentada me interessei por este tema. Trabalhei por muitos anos na supervisão, orientação e direção escolar. Amei o material apresentado. Parabéns!!!
Boa noite, concordo com você, precisamos ter a cultura da conciliação no Brasil, principalmente no âmbito escolar, sucesso nos seus estudos, também me aposentei e estou voltando aos bancos da faculdade. Parabéns
Boa noite, estou cursando licenciatura em letras, tenho um trabalho para apresentar, escolhi a conciliação no âmbito escolar, gosto muito desse tema, como também tenho formação em Direito, e atuei junto ao poder judiciário,acredito que esse é o caminho para uma sociedade mais pacífica.