Combate à misoginia começa na sala de aula!
Combate à misoginia começa na sala de aula!
O mês de março de 2023 – logo ele, o mês da mulher – foi um dos mais tristes observados em tempos recentes no que se refere aos direitos das mulheres.
O Fórum de Segurança Pública do Brasil divulgou um levantamento denominado Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil. Os dados mostram que em 2022 ocorreu um aumento considerável de todos os tipos de violência contra as mulheres.
Segundo o mesmo levantamento, mais de um terço das mulheres do país sofreram naquele ano agressões físicas e/ou sexuais. Dados mais detalhados desse estudo podem ser acessados no site do Fórum de Segurança Pública do Brasil.
Misoginia explícita
Se não bastasse o aumento da violência, pelo menos dois casos de misoginia explícita chamaram a atenção para esse fenômeno que vem crescendo no Brasil nos últimos anos.
No post de hoje, nós vamos:
- Conhecer dois casos de misoginia que ganharam destaque no mês das mulheres;
- Pesquisar a origem desses movimentos;
- Entender o que é misoginia e o seu parentesco como machismo;
- Refletir sobre o papel de professores e professoras na prevenção a esse tipo de comportamento, educando seus estudantes e desenvolvendo habilidades socioemocionais que ajudem no combate ao preconceito e à misoginia.
Boa leitura!
Os casos de misoginia
Em São Paulo, a Polícia Civil abriu inquérito no início de março para investigar ameaças de morte feitas pelo internauta Thiago Schutz contra a atriz e humorista Livia La Gatto.
Schutz, que se autointitula coach de relacionamentos, integra um movimento misógino chamado RedPill. Os integrantes do grupo inferiorizam mulheres e sustentam que a sociedade atual tenta favorecê-las em detrimento dos homens.
Livia La Gatto foi hostilizada por ele depois de postar dois vídeos nas redes sociais usando o humor para denunciar os absurdos publicados por Schutz. Ele, por sua vez, disse que “se a atriz não retirasse conteúdo, levaria bala”.
O segundo caso atingiu uma professora da Universidade Federal do Ceará (UFC). Lola Aronovich é uma das precursoras do ativismo feminista na internet. Ela relatou ter recebido ameaças de morte na primeira semana de março. O autor das ameaças expôs, inclusive, os dados pessoais dela na internet.
Retomada conservadora
A pesquisadora Regina Facchini, professora dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e em Ciências Sociais da Unicamp, aponta uma origem para essa misoginia. Para ela, a ascensão do pensamento ultraconservador na sociedade brasileira nos anos recentes está na base do recrudescimento da violência contra as mulheres.
A expressão dessa retomada do conservadorismo no campo das políticas educacionais, com a defesa de programas como o Escola Sem Partido e o combate ao que classificam como “ideologia de gênero”, contribuem para agravar o cenário.
Na essência, o que movimentos como o RedPill buscam é atacar o feminismo e impedir o acesso das mulheres a seus direitos.
Misoginia e machismo
Embora estejam fortemente associados, misoginia e machismo não são exatamente a mesma coisa.
A definição clássica do termo misoginia remete à antiguidade grega, de onde vem o termo. Miseó significa grego e gyné significa mulher. Num resumo simples, a misoginia se caracteriza pelo ódio às mulheres.
Esse sentimento abarca o desprezo, o preconceito, a aversão e a repulsa a tudo o que remete ao feminino e às mulheres. O feminicídio é um dos resultados dos comportamentos violentos praticados pelos misóginos.
Embora estejam ligados na essência, o machismo perde o componente da repulsa e do ódio pelas mulheres. Ele se baseia numa crença de superioridade masculina que reverbera na sociedade de inúmeras maneiras, mas principalmente por um modus operandi mais consagrado: a diminuição de direitos das mulheres.
Piadas que colocam a mulher em situação degradante e até salários menores pagos a mulheres nas mesmas posições hierárquicas ocupadas por homens são expressões do machismo enraizado na sociedade.
O papel da educação
A escola tem um papel fundamental na construção da sociedade do futuro. Nossa responsabilidade, como educadores e educadores, é atuar para desconstruir os preconceitos arraigados. Nesse contexto, precisamos abordar as questões relacionadas ao gênero com nossas turmas.
Não é segredo para ninguém que essa não é uma tarefa fácil. A politização em torno do que se chama “ideologia de gênero” dificultou demais esse trabalho. É importante destacar, porém, que educar sobre as questões de gênero não significa dizer o que a criança deve ser. Trata-se de ensinar o respeito ao gênero de cada um.
Em uma de suas colunas na Folha de S. Paulo, o ex-secretário de educação de São Paulo Alexandre Schneider elencou algumas medidas práticas no dia a dia que contribuem para evitar a formação de um ambiente propenso à disseminação dos preconceitos contra mulheres:
- Promover debates com liberdade de opinião sobre o tema em sala de aula;
- Não separar meninos e meninas em filas diferentes;
- Não usar o gênero como critério para organização de grupos em atividades físicas ou práticas;
- Não tolerar piadas sexistas ou preconceituosas de qualquer forma;
- Usar situações em que piadas desse tipo apareçam como mote para debates sobre o preconceito e a misoginia.
O papel da educação socioemocional
Partindo do pressuposto de que a misoginia e o machismo são preconceitos com reflexos nocivos ao relacionamento social, o desenvolvimento de habilidades socioemocionais é uma ferramenta poderosa para combatê-los.
Antes de falarmos sobre as habilidades socioemocionais que ajudam a combater a misoginia, é importante destacar que, em suas manifestações mais severas, a misoginia pode necessitar de intervenção psicológica, pois está ligada a questões mais profundas associadas à sexualidade de quem a pratica.
Algemas habilidades socioemocionais, porém, têm enorme contribuição a oferecer na prevenção desse tipo de comportamento. Confira:
- Empatia – Compreender o que o outro sente, sem julgamentos ou preconceitos, favorece o acolhimento dos sentimentos e emoções do outro. Para desenvolver a empatia, é preciso praticar a escuta ativa, ou seja, ser capaz de ouvir atentamente o outro e estar disposto a oferecer ajuda, quando necessário.
- Respeito – A capacidade de olhar para as diferenças, escolhas e particularidades dos outros sem julgamentos e preconceitos estimula o desenvolvimento do respeito ao próximo, que é uma habilidade emocional fundamental para a boa convivência num ambiente tão plural como o do mundo em que vivemos.
- Autoconhecimento – É a capacidade de reconhecer, nomear e saber lidar com as próprias emoções e sentimentos. Conhecer e gerenciar as próprias emoções ajuda a impedir reações impetuosas, que podem vir recheadas de preconceitos e misoginia.
- Resolução de conflitos – Muitas vezes, a misoginia pode nascer de conflitos mal resolvidos, em que ataques e supressão das diferenças e opiniões do outro surgem como solução para o problema. O desenvolvimento da habilidade de resolver pacificamente conflitos contribui para serenar o ambiente e abre a possibilidade de enxergar a situação, e o outro, com empatia e respeito.
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Quem é professor mediador do Programa MenteInovadora já sabe que essas são algumas das habilidades desenvolvidas por meio de jogos de raciocínio e com o uso de métodos metacognitivos desenvolvidos pela metodologia Mind Lab.
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