A educação do futuro
A educação do futuro.
Os problemas são antigos e velhos conhecidos de todos nós, atores nesse espetáculo chamado Educação. Falta de condições de trabalho, desvalorização da carreira docente, déficits históricos de aprendizagem e evasão escolar, apenas para citarmos alguns deles.
No entanto, nosso papel como educadores não se limita a pensar nos problemas. Da mesma forma, temos que também participar da construção de um futuro melhor para a educação.
Mas, qual seria a educação do futuro? De que forma ela poderá ser construída desde já?
Tendências na educação
A cada três anos, a Organização para o Comércio e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publica um relatório intitulado Trends Shaping Education, que em tradução livre seria algo como tendências influenciando a educação.
Assim, a ideia do relatório é analisar como assuntos dominantes no cenário mundial poderão influenciar de alguma forma o futuro da educação.
O relatório mais recente dessa série foi divulgado no início deste ano e traz, entre os tópicos principais, os impactos da mudança climática, do fechamento das escolas pelo Covid-19, do crescimento da diversidade e do papel da individualidade no sistema escolar.
Recuperação de aprendizagens
Entre os pontos principais para atingirmos uma educação mais adequada às necessidades das gerações futuras, a OCDE aponta como elemento-chave a recuperação das defasagens causadas pela Covid-19.
Por isso, recuperar a aprendizagem dos alunos, especialmente em Matemática e Línguas, é o passo número 1. Essa estratégia ganha ainda mais importância em países da América Latina, onde o desempenho nesses componentes curriculares era fraco já antes da pandemia.
Igualmente, os esforços que já estão em curso nas salas de aula, fruto da iniciativa de educadores e educadoras, precisam ser valorizados e ganhar escala por meio do apoio de políticas públicas.
Habilidades e atitudes
Outra sugestão da OCDE é fortalecer a construção de atitudes e habilidades que serão fundamentais para os estudantes nas próximas décadas.
Uma delas é o letramento digital, que possibilitará às crianças e jovens dialogarem de maneira adequada com um cenário em que as tecnologias serão cada vez mais dominantes. A pandemia de Covid-19 acelerou os processos de digitalização da vida e esse é um caminho sem volta.
Outro aspecto importantíssimo, que fortalecerá o diálogo dessas gerações com a tecnologia no futuro, é a capacidade de continuar aprendendo ao longo da vida. Mais importante do que aprender a operar um computador, ou um smartphone, é construir em crianças e jovens a habilidade de continuar aprendendo mesmo ao final do período de escolarização formal. Afinal, as tecnologias continuarão em constante evolução.
Fortalecimento socioemocional
Para que essa capacidade de aprender ao longo da vida seja plena, é necessário que nossas escolas sejam capazes de fortalecer o desenvolvimento socioemocional de seus alunos e alunas.
Segundo a OCDE, a resiliência – capacidade de lidar com as adversidades –, e a abertura para o novo são fundamentais. Sem elas, alunos e alunas terão dificuldade para lidar com a veloz transformação do cenário econômico e social no futuro.
Também ganha importância, entre as habilidades socioemocionais, a capacidade de autorregulação, uma vez que o cenário aponta para um modelo em que os futuros profissionais trabalharão muito mais em modelo remoto, apoiados pela tecnologia.
Educação profissional
Muitas profissões, especialmente no campo das tecnologias, sofrem com uma crescente escassez de mão de obra especializada.
Para enfrentar esse desafio, a educação do futuro deve aprimorar a forma como a escola se relaciona com o trabalho e a formação profissional.
A reconstrução desse caminho deve iniciar desde a educação básica, segundo as sugestões da OCDE, para permitir que crianças e jovens comecem a entender e dialogar melhor com o mundo do trabalho desde cedo.
Multiplicidade de caminhos
Uma das características marcantes do cenário futuro para o trabalho é a velocidade de transformação. Dessa forma, a educação ficará ultrapassada se continuar levando crianças e jovens a focar numa direção única.
A ideia, cada vez mais, é ampliar os leques de escolha e preparar os futuros profissionais para a multiplicidade de caminhos profissionais a serem trilhados.
A carreira docente
Uma transformação dessa natureza pressupõe, também, uma reconstrução do papel docente. Para que a educação do futuro possa ser plena e cumprir suas funções, precisamos ressignificar desde já a carreira docente, de forma a torná-la mais atrativa para as futuras gerações.
Nenhuma escola, e portanto nenhuma educação, pode prescindir de educadoras e educadores felizes, bem formados, dispostos a continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida, prontos para lidar com a multiplicidade de caminhos profissionais.
Portanto, para atingir esse cenário, é fundamental que as políticas públicas de formação e valorização sejam finalmente transformadas em políticas de Estado, o que as tornaria perenes no tempo, independentemente de matizes ideológicos dos diferentes governos que passarão pelo poder.
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3 Comentários. Deixe novo
Material muito bom.
É exatamente o que penso , pensei há vários anos.
Muito importante o conteúdo! Obrigada por compartilhar.