Ataques a escolas no Brasil
No Brasil, entre 2002 e outubro de 2023, um alarmante total de 36 ataques a escolas foi registrado, conforme evidenciado pelo relatório “Ataque às escolas no Brasil: análise do fenômeno e recomendações para a ação governamental“, elaborado pelo Grupo de Trabalho de Especialistas em Violências nas Escolas, vinculado ao Ministério da Educação.
Esses ataques deixaram um saldo trágico de 164 vítimas, das quais 49 perderam a vida e 115 sofreram ferimentos. Esse cenário traz à tona uma realidade inquietante que transcende a violência convencional, adentrando uma esfera de violência direcionada contra as próprias instituições educacionais. Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP e relator do documento, aponta para uma realidade em que o extremismo alimenta tais ataques, refletindo não apenas a violência nas escolas, mas uma violência contra elas.
A escola, historicamente vista como um reduto de segurança, revela-se também como um espaço onde a violência pode ser aprendida e reproduzida, seja por meio de práticas punitivas obsoletas ou do bullying – a perseguição sistemática que acaba por fomentar tais ataques.
Motivação do ataque
O relatório destaca que os agressores, muitas vezes alunos ou ex-alunos, são motivados por ressentimentos, fracassos e violências experienciadas. Uma descoberta perturbadora é a incidência de crimes de imitação, ou Copycat crimes[Rs1] [MOU2] [MOU3] , onde ataques anteriores servem de modelo para novos perpetradores, numa cadeia de violência que parece não ter fim.
O fenômeno do extremismo on-line[Rs4] também é abordado, mostrando como discursos de ódio e práticas violentas encontram terreno fértil nas redes sociais, potencializando a radicalização de jovens. Diante desse cenário, o relatório não apenas analisa as causas e as dinâmicas desses ataques, mas também oferece recomendações vitais.
Resolução pacífica e controle de armas de fogo
No ambiente escolar, enfatiza-se a importância de uma gestão democrática e de um clima escolar que favoreça a resolução pacífica de conflitos. Já no plano estatal, sugere-se a regulamentação das redes sociais, o controle de armas de fogo e a criação de leis que combatam o extremismo e o bullying, promovendo um ambiente mais seguro nas escolas. O papel da família é crucial, tanto na vigilância do conteúdo consumido pelos jovens quanto na produção de materiais on-line[Rs5] .
A sociedade, incluindo a imprensa, deve assumir a responsabilidade de combater o extremismo e repudiar discursos de ódio, enquanto políticas públicas de acolhimento e reparação se fazem necessárias para curar as feridas deixadas por tais ataques.
A realidade brasileira atual não questiona se novos ataques ocorrerão, mas sim quando acontecerão, sinalizando a urgência de medidas preventivas e educacionais robustas. A responsabilidade é coletiva: governos, instituições educacionais, famílias e a sociedade como um todo devem unir forças para encerrar esse ciclo de violência, garantindo que as escolas sejam, verdadeiramente, espaços seguros de aprendizado e desenvolvimento.