O mês de conscientização sobre o autismo!
O mês de conscientização sobre o autismo!
Você sabia que segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 1 em cada 160 crianças no mundo vive alguma forma de autismo?
É um número significativo para esse transtorno de desenvolvimento que se apresenta em diferentes gradações, algumas delas, às vezes, quase imperceptíveis. Daí a importância de alertar famílias e educadores para observar alguns sinais desse transtorno nas crianças.
Por isso, 2 de abril foi escolhido pela ONU como Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo.
O que é o autismo?
Chamado oficialmente de Transtorno do Espectro Autista (TEA), ele se caracteriza por um distúrbio neurológico com efeitos possíveis sobre comunicação, comportamento e interação social.
O autista pode ou não ter alguma deficiência intelectual e não são raros os casos de pessoas nessa condição com inteligência superior à média.
Embora a campanha de conscientização esteja focada na observação dos sinais entre as crianças, é importante destacar que o TEA não é um distúrbio exclusivamente infantil. Pessoas de todas as idades vivem com autismo.
Quais são suas causas?
O TEA tem origem genética, segundo os estudos mais recentes, e é hereditário. Famílias com um filho autista têm maiores chances de ter um segundo filho com o mesmo transtorno.
É importante destacar, nestes tempos de infodemia e grande disseminação de fakenews, que não existem evidências científicas que comprovem qualquer ligação do transtorno com vacinas.
Quais são os sinais?
Eles podem variar de indivíduo para indivíduo.
Alguns indícios mais gerais são:
- Dificuldades para lidar com ambientes barulhentos ou movimentados demais;
- Agitação;
- Preferência por permanecer sozinho: e
- Hábito de executar movimentos repetitivos.
Entre bebês, indícios de que pode haver ocorrência de TEA são:
- Falta de contato visual;
- Ausência de choro quando deixados sozinhos;
- Indiferença ao colo de pessoas estranhas; e
- Demora para falar as primeiras palavras ou para engatinhar e andar.
Os pais devem procurar ajuda médica quando identificam esses fatores.
Como o TEA é diagnosticado?
Não existe um exame específico capaz de detectar a presença de TEA. O diagnóstico é feito por meio de avaliação médica, a partir da observação dos pais e professores. Nem sempre é fácil fechar o diagnóstico.
Como conviver com o autismo?
Os tratamentos variam de acordo com o grau em que o distúrbio se apresenta. Para casos menos severos, sessões de fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia, por exemplo, podem ajudar a criança a conquistar autonomia e a desenvolver sua participação nas rotinas diárias.
Casos mais severos, que envolvem situações de autoagressão física ou nervosismo excessivo em ambientes públicos, geralmente são tratados com medicação prescrita pelo médico neurologista ou psiquiatra.
Existe “cura” para autismo?
Essa pergunta traz um engano muito comum entre as pessoas: a ideia de que o autismo é uma doença e, portanto, precisa ser curado.
Como explicamos ao longo do texto, o TEA é um transtorno e não uma doença. Portanto, não faz sentido falar em “cura”.
Os portadores de TEA aprendem a conviver com ele e a lidar com seus efeitos. Uma forma de apoiá-los é disseminar a ideia do autismo como parte da diversidade humana. Dessa forma, a sociedade começará também a entender o TEA e a promover a inclusão das pessoas autistas.
2 Comentários. Deixe novo
Como autista, preciso dizer que esse artigo é lamentável, repleto de preconceito e patologização do que na verdade é parte da diversidade humana.
Gostaria de rebater alguns dos preconceitos propagados pelo texto:
1. Autismo NÃO é doença, nem distúrbio. Chamar a condição assim, além de ofensivo e preconceituoso contra os autistas, é conceitualmente errado, já que o autismo não corresponde aos parâmetros conceituais de uma doença/patologia;
2. O autismo não “atinge” ninguém, porque, como eu já disse, não é uma doença;
3. Totalmente deselegante mencionar, da forma que o artigo fez, que o autismo “não tem cura”. O melhor seria dizer que o autismo NÃO PRECISA de uma cura, pois não convém falar sobre cura pro que não é doença. O que nós autistas precisamos não é sermos “curados”, mas sim que a sociedade aceite a condição como parte da diversidade humana, promova a nossa devida inclusão e combata o capacitismo – incluindo o desse artigo;
4. O autismo não acontece apenas em crianças. Também existem autistas adolescentes, adultos e idosos. Restringir a abordagem do autismo às crianças perpetua a falta de suporte inclusivo e terapêutico pros autistas a partir de 13 anos e o mito de que só existem autistas crianças;
5. O “mês do autismo” NÃO deveria ser chamado de “Abril Azul” porque grande parte da comunidade autista é contra o uso da cor azul como “símbolo do autismo”. O uso do azul pra falar de autismo perpetua os mitos, cada vez mais refutados, de que a condição seria “predominantemente masculina” e que só existiria 1 menina/mulher autista pra 4 meninos/homens autistas;
6. Já foi comprovado sim que autismo tem origem genética e é, na maioria das vezes, hereditário. Já se tem ciência disso pelo menos desde 2006, quando foi publicado o artigo “Autismo: genética” de Gupta e State (https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:lre1xOohDsUJ:https://www.scielo.br/j/rbp/a/JNHPsJRR7zc8fN57F9Gsf4s/%3Flang%3Dpt%26format%3Dpdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br);
7. Deveria ser consultado o DSM-5 pra se falar das características – inadequadamente chamadas de “sintomas” pelo texto – do autismo, porque do jeito que está, ficou muito incompleto. Faltaram características marcantes do autismo, que inclusive são critérios obrigatórios pro seu diagnóstico, como as dificuldades de socialização e de compreensão de linguagem não verbal, o apego à rotina, a regulação sensorial e mental por meio dos stims – referidos como “movimentos repetitivos” como se não tivessem nenhuma funcionalidade – e a hiper ou hipossensibilidade sensorial em vários aspectos – visual, auditivo, olfativo, tátil, gustativo etc.;
8. O que se trata não é o autismo, mas sim as características negativas associadas à condição que limitam a interação do indivíduo com o mundo e outras pessoas. Mesmo recebendo as melhores terapias, o autista não se tornará “menos autista”;
9. A maioria dos autistas não gosta de ser chamada de “portadores de autismo” ou “pessoas com autismo”, mas sim simplesmente de autistas. Afinal, o autismo é parte da nossa identidade e da nossa forma de perceber e interagir com o mundo;
10. Não é elegante dizer que o autista “aprende a conviver com o autismo e seus efeitos (sic)”. Quem deve aprender algo é a sociedade, a respeitar os autistas, incluí-los, aceitar a neurodivergência autística e conviver de maneira pacífica e aceitadora conosco.
No mais, lamento que um artigo tão capacitista venha impor uma visão tão preconceituosa e recheada de informações inadequadas que acabam só servindo pra perpetuar o preconceito e os maus tratos da sociedade contra os autistas.
Cara leitora,
Agradecemos a sua manifestação e nos desculpamos pelos erros conceituais inicialmente apresentados. Jamais foi nossa intenção propagar preconceitos contra o TEA e seus portadores. Como prova disso, corrigimos todos os pontos apontados em sua mensagem.