Games e jogos online para aprender: conheça os benefícios mentais e emocionais
Já faz tempo que os videogames não são vistos apenas como uma opção de entretenimento e distração. Sim, hoje também é possível usar games e jogos online para aprender.
Nascidos no fim da década de 50 e com poucas funcionalidades, pouco a pouco foram evoluindo tecnologicamente. Ainda além, o próprio conceito por trás dos games revelou análises interessantes sobre o comportamento humano.
A internet marcou um desses passos à frente quando tornou possível os jogos online. A partir daí, o nível de interatividade aumentou ao incluir pessoas para além do espaço físico e em tempo real.
De acordo com o pesquisador americano Jordan Shapiro, especializado em aprendizagem através de games e tecnologia digital: “Por anos, a maioria das pessoas acharam que vídeo games se pareciam com doces: em sua maioria prejudiciais e tentadores para crianças, mas tudo bem se usados com moderação. Agora nós entendemos que eles podem ter mais valores “nutritivos” do que nossos pais jamais imaginaram”.
Em seu texto publicado originalmente em inglês na revista online Mind/Shift: “Social And Emotional Benefits Of Video Games: Metacognition and Relationships” (Benefícios sociais e emocionais dos videogames: metacognição e relacionamentos), Jordan aponta para as maiores vantagens intrínsecas dos games e jogos online, adaptando-as ao contexto da educação.
Isso porque até independente do conteúdo, há pontos em comum no processo de jogar que estimulam diversas áreas do cérebro e também promovem bem-estar. Os estudos indicam benefícios sociais, emocionais e até metacognitivos.
O que muitos se perguntam é: qual exatamente o papel desses jogose como se conectam ao cotidiano? A discussão tem entrado com força na área da educação, que já lida com o desafio de captar a atenção dos alunos diante de uma era fortemente digital, interativa e multitelas.
Então o primeiro passo é entender os propósitos e desafios por trás da aplicação de jogos online no currículo escolar. Afinal, eles também podem se tornar grandes aliados do ensino!
Como os games e jogos online podem ajudar ?
Assim como a maior parte dos aprendizados comportamentais, os benefícios dos games em geral não estão ligados necessariamente a conhecimentos específicos. De acodo com Jordan Shapiro, eles incluem especialmente formas de pensar e agir como:
1. Níveis de atenção rápidos e precisos
De acordo com uma a Associação de Psicologia Americana, devido a ação repetitiva de ações baseadas em reflexos, crianças que jogam apresentam maior resolução espacial no processamento visual e habilidades de rotação mental aprimoradas.
A explicação se deve ao fato de que jogar é uma habilidade que requer rápido estímulo de pensamento e reposta. Essa agilidade de pensamento também desperta aumentos positivos na criatividade.
2. Mentalidade com foco na evolução
O ensino padrão recompensa habilidades fixas, como por exemplo ser bom em matemática. Já a professora de Stanford, Carol Dweck, que escreve sobre motivação e desenvolvimento social afirma que o caminho pode ser perigoso.
Ela diferencia a teoria de inteligência de entidade, de uma teoria incremental de inteligência. Enquanto a inteligência de entidade se fixa em traços inatos e fixos a incremental direciona para o esforço contínuo em resolver problemas.
Relacionando o raciocínio aos games, Jordan Shapiro escreve: “Os videogames nutrem uma compreensão incremental da inteligência. Como os jogadores são recompensados por uma tarefa por vez – para superar um obstáculo após o outro – eles aprendem a entender o aprendizado e a realização de forma interativa. (…) Os jogadores entendem que dominar uma etapa não equivale necessariamente ao domínio da próxima. Um novo processo de aprendizagem começa na conclusão do anterior”.
Vale lembrar que em um momento em que as habilidades e exigências sociais são tão mutáveis, a inteligência incremental tende a ser a mais produtiva.
3. Habilidades interpessoais
70% dos gamers jogam com outras pessoas e entre eles existe um senso de comunidade. Ao contrário até da figura do jogador solitário, eles precisam jogar de forma cooperativa e também competitiva.
Esse inclusive já um conceito conhecido de jogos em geral, incluindo esportes e jogos de raciocínio.
Os jogos online, no entanto, elevam esse conceito a partir do ponto em que se quebram barreiras do espaço físico, possibilitando que se joque com pessoas de todo o mundo.
A própria ideia de time estimula o compartilhamento de dicas e truques, além do trabalho em equipe para vencer. Gamers também gostam de ensinar uns aos outros sobre como se sair melhor nos desafios.
Dentro do contexto educacional Jordan Shapiro ainda acrescenta: “Imagine uma sala de aula onde a colaboração é a norma. Onde a avaliação é coletiva e a avaliação individual e a competição não criam uma cultura de “inteligência de entidade”. A aprendizagem baseada em jogos é uma ferramenta que pode ajudar a tornar isso uma realidade.
Gamification: o jogo fora do Jogo
A partir dessa análise, já é possível concordar com os benefícios dos games e jogos online tanto para a aprendizagem como para áreas mais abstratas e emocionais.
Porém, os educadores devem se questionar em mais um nível: além dos jogos de entretenimento, também é possível jogar de forma interativa para ensinar as matérias da grade curricular como história, biologia, química ou português?
A resposta é sim! Porém também existem adaptações e técnicas quando o foco é essencialmente educacional.
Para isso, aplica-se o conceito de gamification, que parte justamente da estrutura de funcionamento dos jogos.
Gamification basicamente é o método utilizado para levar a lógica do jogo para outros contextos da realidade. Dessa forma, se torna mais fácil aumentar o engajamento e assim atingir determinados objetivos e metas.
Sua eficiência é alta porque apesar de não ser focado puramente no entretenimento, o processo de gamification continua trabalhando necessidades inerentes ao ser humano. Entre elas estão a competitividade, os feedbacks imediatos, o senso de evolução e também reconhecimento através de bônus e prêmios.
Parando para pensar que são gastos bilhões de horas semanalmente em todo o planeta para jogar em um computador ou videogame de forma espontânea, sabe-se que o gamification é uma proposta promissora.
Muitas marcas e empresas já investem em plataformas e aplicativos gamificados em todos o mundo para aumentar níveis de engajamento.
Na área da educação, também cresce o número de jogos que levam os conhecimentos para um nível elevado de contextualização e interatividade através desse tipo de apoio.
Desafios dos jogos online na Educação
Um dos principais desafios sobre inserir os jogos interativos no ensino, é sobre momento e quantidade ideais. Quanto e quando os alunos devem jogar?
Para responder essa pergunta o primeiro fator a se ter em mente é que as plataformas e aplicativos gamificados devem ser considerados a princípio, como um complemento do ensino.
É um método adicionale mais estimulante para ajudar a aprender com base em todas as premissas de gamification. O objetivo final será sempre o de aumentar a produtividade e o engajamento dos alunos, enquanto eles aprendem e testam conhecimentos dentro de um contexto desenhado especialmente para eles em formato lúdico e dinâmico.
Em casa ou na escola?
Depende! A ideia desse tipo de formato, é exatamente estimular o interesse espontâneo e autonomia por parte do aluno. Isso significa poder escolher e ter flexibilidade para fazer uso em diferentes momentos.
Sendo assim, mais importante do que limitar quando jogar, será limitar quando não jogar. O impostante é evitar oconflito com outras propostas e tarefas da sala de aula. Por exemplo, se o professor está em meio a uma explicação para a turma, obviamente esse não é o momento ideal para jogar, mesmo que o aplicativo contenha uma proposta educacional.
Contudo, o professor pode sim fazer estímulo do uso em sala de aula em momentos delimitados para isso, especialmente no começo enquanto os alunos se adaptam ao novo formato e assim podem até mesmo debater em tempo real e trocar ideias sobre os desafios.
Os professores devem guiar para o bom uso de plataformas ou aplicativos gamificados ao entende-los como ferramenta complementar, o que indica que também é preciso existir acompanhamento, além consistência na participação dessas atividades
Jogando por um mundo melhor
Para entender um pouco mais, a designer de games Jane McGonigal explica os conceitos de gamification para atingir propósitos maiores, em sua palestra “Jogando por um mundo melhor”, no famoso TED Talks sobre o tema.
Por fim, fica claro que uma escola que realmente deseja atrair atenção dos seus alunos, ao invés decompetir com tantas ferramentas de distração e entretenimento, precisa ter uma visão clara e moderna sobre motivações humanas e assim usar de recursos similares a seu favor.
Portanto enxergar o lado positivo dos videogames e jogos online ao usar ferramentas que possam aproveitar sua lógica aliada às propostas de ensino, é uma das formas de seguir por caminho mais atraente e estimulante de aprendizagem.
Colocando todos esses motivos na balança, você acredita que sua escola está acompanhando as necessidades e motivações atuais dos seus alunos com relação às plataformas de conteúdo?
4 Comentários. Deixe novo
Não, infelizmente estamos muito atrasados em relação as tecnologias, em tudo que esta tem a nos oferecer, sem contar a incrível barreira que encontramos com os pais que não aceitam as plataformas ou o uso dos meios digitais na educação. Estamos aderindo uma plataforma agora devido a pandemia, e pais e professores não estão muito entusiasmados, porém a alguns professores que mistificavam e tinham um certo receio em relação a ferramenta tecnológica com a educação e agora depois de realizarem uma capacitação e poderem descobrir o quanto pode ser útil e motivador para os estudantes estão maravilhados.
LIVE de hoje, às 17h: Quais medidas foram tomadas para segurança e apoio ao volta às aulas?
“Alguns países estão saindo da crise com sistemas educacionais mais fortes,
enquanto outros têm sistemas destruídos. A questão que está se mostrando
relevante é, portanto, resiliência. A natureza recompensa quem é mais resiliente
e consegue se adaptar.” ( Andreas Schleicher – diretor da educação OCDE)
https://www.youtube.com/watch?v=0t623z61-mM
É sem duvidas uma nova e transformadora etapa, o qual precisamos urgentemente nos adaptar.
É sem duvidas um divisor de águas, o qual precisamos urgentemente nos capacitar.