6 planos de aula para celebrar a consciência negra
6 planos de aula para celebrar a consciência negra.
No último dia 20 de novembro, o Brasil celebrou o Dia da Consciência Negra. Uma data importantíssima para a construção da nossa identidade nacional.
Como o futuro é construído hoje por meio da educação, é papel da escola trabalhar esse tema cotidianamente, com o objetivo de construir uma educação antirracista.
E quanto mais cedo esse trabalho começar, melhor.
No post de hoje, vamos trazer algumas ideias sobre como implementar uma educação antirracista na sua escola. Além de apresentar de forma resumida 6 planos de aula para celebrar a consciência negra – com os links para você baixar os planos completos em PDF.
Antes, porém, vamos conhecer algumas curiosidades, dados e números sobre a questão racial no Brasil.
A questão racial no Brasil
Talvez isso não seja tão novo para quem atua em salas de aula de escolas públicas pelo Brasil afora. Mas, talvez, para quem leciona apenas em escolas privadas, esse dado destoe da sua realidade cotidiana. O fato é: no Brasil, a maioria da população é negra.
Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, 56,1% da população brasileira se declara negra.
A escravidão em números
Durante 388 anos, a escravidão de pessoas negras foi a base do desenvolvimento da economia brasileira. Conheça alguns números e dados sobre essa fase triste da história de nosso país*:
- 388 anos foi o tempo de duração da escravidão no Brasil.
- 5,4 milhões de homens, mulheres e crianças, aproximadamente, foram trazidos como escravos da África para o Brasil nesse período.
- ⅓ do comércio negreiro de todos os países americanos aconteceu no Brasil.
- 670 mil africanos escravizados morreram nos porões dos navios negreiros antes de chegar à costa brasileira.
- 9 mil viagens realizadas por navios negreiros brasileiros e portugueses entre os séculos 16 e 19 tiveram como destino os portos brasileiros.
*Fonte dos dados: The Trans-Atlantic Slave Trade Database, uma iniciativa de um conjunto de universidades e institutos norte-americanos e europeus para compilar todos os dados relativos à escravidão nas Américas.
Consciência Negra
O Dia da Consciência Negra é uma conquista de ativistas e intelectuais negros que lutaram por muitos anos pelo reconhecimento da importância da cultura negra no mundo.
Por que essa data não é comemorada em 13 de maio, dia da Abolição da Escravatura no Brasil?
A resposta é simples: a abolição foi assinada pela Princesa Isabel, uma mulher branca, da nobreza, herdeira do trono imperial no Brasil.
Os ativistas não queriam celebrar a consciência negra cultuando um ato praticado por uma mulher branca.
A data escolhida, então, recaiu sobre o 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
Quem foi Zumbi dos Palmares?
Zumbi foi o último líder do Quilombo dos Palmares, o maior quilombo da época colonial. Localizado na região da Serra da Barriga, hoje pertencente ao estado de Alagoas, esse quilombo chegou a ter 20 mil moradores.
O Dia da Consciência Negra se tornou parte do calendário escolar em 2003, com o objetivo de despertar nas escolas o debate sobre a questão racial. Em 2011, a Lei 12.519 incluiu a data no calendário nacional, mas deixou aos municípios a decisão de transformá-lo ou não em feriado.
Em 2022, o Senado Federal discutia a possibilidade de transformar a data em feriado nacional.
Educação Antirracista
Quem trabalha na Educação Infantil já se acostumou a ouvir frases como: “Criança pequena não diferencia cor”, ou “no berçário não existe racismo”.
Pesquisadores que estudam o tema, porém, discordam.
Segundo várias pesquisas acadêmicas realizadas nos últimos anos, embora não seja racional, o racismo se manifesta desde os primeiros anos da criança em atitudes tão simples como a escolha de uma boneca branca em detrimento de outra, preta.
Isso acontece, segundo os especialistas, porque a educação no Brasil é baseada numa visão de mundo eurocentrista.
A escola, na maioria dos casos, é o primeiro ambiente em que a criança sofre racismo pela primeira vez.
Para combater essa construção, professores e professoras da Educação Infantil – para ficarmos no exemplo inicial – podem buscar a ampliação do repertório de brincadeiras, incluindo também as tradições africanas e afro-brasileiras.
Racismo estrutural
Para trabalhar contra o racismo, porém, é preciso dar um passo inicial: reconhecer que ele existe e é estrutural na sociedade brasileira.
A partir daí, é importante desconstruir a noção de que “todos são iguais”, porque na vida real, isso não é verdade. Todos somos diferentes, o que deve ser encarado como uma coisa positiva. A diversidade deve ser celebrada.
O ideal é que a direção escolar trabalhe em conjunto com seus professores e professoras, oferecendo formação, materiais adequados e despertando a consciência de toda a equipe para o racismo presente na sociedade.
É fundamental que esse trabalho se estenda pelo ano todo e não fique limitado apenas à Semana da Consciência Negra na escola.
6 planos de aula para celebrar a consciência negra.
As sugestões de planos de aula a seguir foram criadas pela equipe da Associação Nova Escola.
Selecionamos alguns planos para diferentes anos do Ensino Fundamental. No link após cada descrição, você encontra os planos completos em formato PDF.
- 1º ano – “Self: o nosso eu com os outros” é um plano de aula de Ciências que tem por objetivo promover situações de autoconhecimento entre as crianças e estimular a reflexão das relações com colegas, adultos do convívio escolar, familiar e outros. Baixe o PDF com plano de aula completo aqui.
- 4º ano – “A comercialização de pessoas em diferentes tempos e espaços” é um plano de aula de História que problematiza as práticas de comercialização de pessoas existentes de forma legalizada no passado e encontradas, ainda que de forma ilegal, no presente. Baixe o PDF com o plano de aula completo aqui.
- 5º ano – “Tipos de discurso e pontuação nos contos afro-brasileiros” é um plano de aula de Língua Portuguesa que usa os contos afro-brasileiros populares, textos narrativos carregados do imaginário popular, como um gênero de importância ideológica, histórica e literária para abordar discursos direto e indireto e pontuação. Baixe o PDF com o plano de aula completo aqui.
- 7º ano – “O quilombo como resistência no Brasil Colonial do Século XVII” é um plano de aula de História que aborda a organização do poder e as dinâmicas do mundo colonial nas Américas. Baixe o PDF com o plano de aula completo aqui.
- 8º ano – “As teorias raciais do século XIX e o racismo na sociedade atual” é um plano de aula de História que aborda as configurações do mundo no século XIX e pretende levar os alunos a estabelecer relações entre as ideologias raciais e o determinismo no contexto do imperialismo europeu, com suas implicações na África e na Ásia. Baixe o PDF com o plano de aula completo aqui.
- 9º ano – “Discurso de ódio e racismo nas redes sociais” é um plano de aula de História que pretende permitir aos alunos estabelecer relações entre os discursos de ódio nas redes sociais e o racismo. Baixe o PDF com o plano de aula completo aqui.
Você pode navegar por mais ideias de planos de aula em diferentes componentes curriculares e para diversos anos do Ensino Fundamental neste link.
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