O que nossas crianças estão perdendo com a pandemia?
O que nossas crianças estão perdendo com a pandemia? Que os milhares de estudantes de brasileiros terão prejuízos, certamente ninguém duvida. Afinal, desde março de 2020, as escolas passaram mais tempo fechadas do que abertas. O cenário de ensino remoto continua sendo bastante desafiador, sobretudo nas redes públicas.
Mas, é possível dimensionar o que nossas crianças estão perdendo com a pandemia?
Com o intuito de responder a essa pergunta, a Fundação Lemann encomendou um estudo ao Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para o Brasil e a África Lusófona (FGV EESP Clear), vinculado à Fundação Getúlio Vargas (FGV). O objetivo era simular a perda de aprendizado sofrida pelos estudantes.
Os pesquisadores se inspiraram em pesquisas internacionais, uma delas conduzida pelo Banco Mundial, e em resumo, chegaram às seguintes conclusões principais:
- Interrupção das aulas prejudica o aprendizado, em especial de matemática;
- Alunos dos anos iniciais da educação básica são os mais prejudicados;
- Alunos com maior vulnerabilidade socioeconômica são os que mais sofrem com a interrupção das aulas.
O Banco Mundial concluiu que a pandemia pode levar a uma redução global da proficiência média no Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o Pisa, de 16 pontos na escala do teste da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No caso do Brasil, a equipe da FGV EESP Clear levou em consideração o aprendizado em um ano típico, o tempo de fechamento das escolas e o eventual aprendizado com o ensino remoto para simular a perda de conhecimento.
Confira algumas das conclusões principais:
- Educação pode retroceder até quatro anos devido à pandemia, no cenário mais pessimista.
- Em 2020, os alunos deixaram de aprender mais em Matemática do que em Língua Portuguesa.
- Considerando a evolução da proficiência média dos alunos no Saeb de 2015 a 2019, a equipe estimou que, no cenário mais otimista, o aprendizado não realizado representa 21% da evolução alcançada nos últimos quatro anos em Matemática.
- Para o Ensino Fundamental 2, no cenário otimista, os alunos que encerraram o 9º ano deixaram de aprender, em 2020, o equivalente a 14% do aprendizado de um ano típico (considerando todos os componentes).
- O déficit de aprendizagem varia de acordo com cada região do país. As regiões com menores perdas são as Sul e Sudeste. As que apresentam maior perda são Norte e Nordeste.
A pesquisa fez as simulações tanto para os alunos do Ensino Fundamental 2, quanto para os do Ensino Médio. Os do Fundamental 2 projetam desempenhos piores. Para acessar o relatório completo, clique aqui.