O poder da emoção na aprendizagem
Criança precisa aprender a ler, a escrever, a contar… E também precisa aprender a brincar, a sentir, a interagir, a sonhar, a realizar, a viver… Tudo isso na escola, com participação da família, no mundo físico e no mundo virtual.
Parece coisa demais para nós, professores e professoras, não é mesmo?
A verdade, porém, é que nossa profissão vem passando por uma ressignificação intensa. Especialmente nos últimos anos, desde a comprovação, pela neurociência, do papel central desempenhado pela emoção na aprendizagem.
É justamente sobre esse tema que vamos conversar no texto de hoje.
Você vai descobrir:
- Como as pesquisas neurocientíficas comprovam que a emoção amplia o poder de aprendizagem e memorização;
- O que disseram sobre o papel da emoção na aprendizagem os seguintes pensadores da educação:
- Jean Piaget;
- Lev Vygotsky;
- Henri Wallon.
Boa leitura!
As descobertas da Neurociência
O desenvolvimento tecnológico recente no campo de diagnósticos permitiu à Neurociência “enxergar” as alterações por que passa o cérebro durante o seu funcionamento.
Por meio de equipamentos de tomografia e ressonância magnética, os cientistas puderam ampliar a compreensão dos processos de aprendizagem humana.
Uma das características evidenciadas é a correlação entre um ambiente estimulante e o aumento das sinapses cerebrais.
Os estudos constataram que o cérebro se desenvolve melhor quando o corpo interage de maneira dinâmica e saudável com o meio social. Nosso papel, como educadores, é justamente proporcionar às crianças situações potentes de interação.
A emoção e a memória
Os estudos empíricos, conduzidos por meio de pesquisas com crianças, comprovam que quanto maior a emoção contida num evento, maiores serão as taxas de registro no cérebro.
Ainda nos anos 1990, a Universidade da Califórnia conduziu um estudo em que pessoas eram submetidas a dois conjuntos de imagens. Um deles tinha forte carga emocional. O outro, era neutro.
Depois de olhar as imagens, os pesquisados eram submetidos a entrevistas em que deveriam citar as imagens que mais recordavam. O resultado indicou uma alta taxa de memorização do grupo de imagens com carga emocional.
Para entender por que isso acontecia, os pesquisadores Larry Cahill e James McGaugh submeteram os pesquisados ao tomógrafo durante a exposição às imagens. Constataram uma relação entre a ativação da amígdala (parte central do sistema emotivo do cérebro) e a formação da memória.
O papel da Pedagogia
Se a ciência nos prova que um ambiente estimulante aumenta as sinapses cerebrais, e portanto potencializa a aprendizagem, basta investir em ambientes estimulantes, certo?
A grande dificuldade é justamente definir o que é um ambiente estimulante. Como ele deve se modificar para atender às diferentes aprendizagens? Como contemplar os diferentes indivíduos na formação desse espaço?
É aí que entra a Pedagogia, por meio das didáticas.
Vamos conhecer de forma resumida o que alguns dos maiores pensadores da educação pensam sobre o papel da emoção na aprendizagem.
A emoção para Jean Piaget
O psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) preferia usar o termo afetividade. Ele defendia que ela pode influenciar de maneira positiva, ou negativa, os processos de aprendizagem.
Para Piaget, da mesma forma que a construção de uma relação afetiva saudável tem o poder de acelerar o desenvolvimento cognitivo, uma relação afetiva nociva pode retardar esse desenvolvimento.
A emoção para Lev Vygotsky
O psicólogo soviético Lev Vygotsky (1896-1934) defendia que cognição e emoção formam uma unidade. Ou seja, para entender a razão ou a inteligência, é necessário compreender a questão emocional.
Para ele, a cognição é afetada pela emoção, e vice-versa. A afetividade é o que traz motivação para a aprendizagem.
A emoção para Henri Wallon
O educador francês Henri Wallon (1879-1962) foi o responsável por aprofundar, de maneira mais detida, a importância da afetividade para o desenvolvimento integral da criança.
Criador da Teoria da Afetividade, Wallon defende que nós resultamos da integração entre afetividade, cognição e movimento.
Cada aprendizagem em um dos três campos interfere nas demais. O campo afetivo, segundo ele, é formado por emoções, sentimentos e paixões. É ele que sinaliza como o mundo interno e externo nos afeta.
O que acontece à nossa volta, segundo Wallon, estimula os movimentos do corpo e a atividade mental, alterando o desenvolvimento.
A educação socioemocional
Quem é professor mediador do Programa MenteInovadora já sabe que Jean Piaget e Lev Vygotsky são dois dos pensadores que compõem a base teórica da metodologia criada pela Mind Lab para promover o desenvolvimento de habilidades sociemocionais.
Por meio do uso de jogos de raciocínio, os professores mediadores aplicam os métodos metacognitivos para criar ambientes estimulantes para a aprendizagem e proporcionar a transposição dos conhecimentos adquiridos em sala para a vida cotidiana.