Como ensinar criatividade?
Os conteúdos jamais perderão sua importância. E alguns deles, vamos combinar, são bem difíceis de serem ensinados.
Em geral, quanto mais abstratos são os componentes, mais desafiadoras se tornam as aulas.
Nesse contexto, o que você poderia dizer sobre ensinar criatividade?
Fácil, ou difícil?
No nosso texto de hoje, vamos conversar sobre o desenvolvimento da criatividade, por que ensinar criatividade aos estudantes é importante e de que forma professores e professoras podem estimular o desenvolvimento dessa habilidade em seus alunos.
Boa leitura!
Criatividade se ensina?
Muita gente tem essa dúvida por acreditar que criatividade seja uma habilidade inata. Ou seja, as pessoas nascem criativas, ou não.
Os estudos acadêmicos mostram, porém, que essa ideia está superada.
Criatividade não é uma habilidade que se desenvolve sozinha. Para despertá-la, os estudantes precisam ser estimulados, precisam saber o que estão aprendendo e por quê.
Em outras palavras, criatividade pode e deve ser ensinada.
Por que devemos ensinar criatividade?
No final de 2020, em plena pandemia de Covid-19, o Fórum Econômico Mundial divulgou um relatório intitulado “O Futuro do Trabalho”. Nele, a organização previa que em 2025, a criatividade será a 5a habilidade mais exigida pelo mercado de trabalho.
Por esse motivo, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, o Pisa, montou em 2022, pela primeira vez, um teste exclusivo para avaliar a criatividade dos alunos.
Submetida a estudantes de 15 anos em 37 países ao redor do mundo, a prova organizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a OCDE, se propõe a avaliar a capacidade dos estudantes de “arquitetar, avaliar e melhorar ideias que possam virar soluções originais e eficazes”.
Os estudantes também responderam questões que tentam investigar quais são os facilitadores e impulsionadores do pensamento criativo.
O objetivo é entender como escola e sociedade atuam no desenvolvimento dessa habilidade. Os resultados devem ser divulgados em 2024.
E a BNCC?
A Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, em vigor desde 2019 e documento norteador dos currículos escolares em todo o país, lista a criatividade como uma das competências a serem desenvolvidas.
Ela aparece na segunda competência geral, cujo texto na íntegra prega:
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria
das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a
imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive
tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
Como ensinar criatividade?
Não existem receitas prontas para ensinar criatividade.
Para começar a imaginar formas de estimulá-la em seus alunos e alunas, todo professor ou professora precisa entender, antes, que essa habilidade envolve duas etapas principais:
- Pensamento divergente – é a capacidade de, diante de um problema, elaborar um grande número de ideias diferentes para tentar chegar a uma solução; e
- Pensamento convergente – consiste em testar as diferentes ideias para avaliar a adequação à situação geradora.
Um erro comum em escolas e ambientes educativos é acreditar que apenas o componente curricular de Artes é responsável por desenvolver a criatividade.
Embora as Artes tenham um potencial mais explícito para esse trabalho, o desenvolvimento dessa habilidade deve perpassar todo o currículo. Os especialistas alertam que dificilmente a criatividade será estimulada apenas pela leitura do livro didático e pelo preenchimento dos exercícios previstos no material didático.
Professores e professoras devem, portanto, imaginar atividades inovadoras que façam sentido para os alunos e alunas.
Sempre que preparar as suas aulas, você precisa ter em mente algumas estratégias para criar um ambiente estimulador da criatividade:
- Em lugar de dar respostas, faça perguntas que estimulem o surgimento de novas ideias;
- Seja receptivo à exposição de ideias inovadoras;
- Não permita que os estudantes façam piadas com as ideias apresentadas por colegas;
- Use temas de interesse da turma para impulsionar a curiosidade;
- Avalie a construção da criatividade ao longo do processo;
- Tente criar projetos de trabalho com os estudantes para abrir e diversificar o pensamento.
Como você pode verificar nos ítens listados acima, muitas dessas atitudes já fazem parte do seu dia a dia em sala de aula.
O fundamental, segundo especialistas, é que você se torne um facilitador do conhecimento que será construído pelos alunos em conjunto com o professor ou professora.
Todo mundo pode ser criativo?
A psicologia nos ensina que todos nós temos potencial criativo, em diferentes graus. Atingem os níveis mais elevados de criatividade aqueles são estimulados para isso.
Quanto mais cedo esses estímulos começarem, melhor. Mas não há limite de idade para iniciar esse trabalho.
Para encerrar, uma boa notícia que sempre anima quem é apaixonado pelo processo de ensino-aprendizagem: pesquisas mostram que a inserção da criatividade na escola melhora a frequência, o desempenho e a motivação dos alunos.