BNCC aprovada pelo CNE: O que muda na sua escola?
O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou nesta sexta (15/12), por 19 votos a 3, a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para os níveis de ensino Infantil e Fundamental. Ela estabelece diretrizes para a elaboração de currículos em todas as escolas do país. É um avanço. A partir dela, pela primeira vez na história do Brasil, todas as escolas – públicas ou privadas, rurais ou urbanas, nos grandes centros ou nos cantos mais remotos – saberão exatamente o que seus estudantes devem ser capazes de produzir ao final de cada ciclo de escolarização.
O principal avanço qualitativo, porém, está na inclusão da formação integral do aluno à educação brasileira. Na prática, isso trará uma mudança no papel da escola. Ela deixará de ser mera transmissora de conteúdo e passará a se preocupar com o desenvolvimento das competências sociais e emocionais das crianças, jovens e adolescentes.
Confira como isso vai impactar a sua escola:
Como se adaptar?
A BNCC não é um currículo. Ela traz diretrizes do que as escolas devem alcançar em termos de escolarização, habilidades e competências dos alunos que forma. Ela deve ser usada como referência para que cada escola construa o seu currrículo com o objetivo de alcançar as metas traçadas ali.
Qual o prazo para incorporar as mudanças?
As escolas têm até o início do ano letivo de 2020 para contemplar as diretrizes da BNCC em seus currículos. Esse prazo foi estabelecido para permitir que as instituições tenham tempo de construir novos currículos e formar professores para trabalhar dentro dos novos preceitos.
Como trabalhar na prática?
O professor precisa mudar a sua forma de atuar. Não basta mais colocar conteúdo no quadro, explicar o que está escrito e depois cobrar resultados em exames. É necessário provocar reflexão, fazer com que os alunos pensem, identifiquem a situação, trabalhem em conjunto.
Numa aula de matemática para o Ensino Médio, por exemplo: ao trabalhar com resolução de problemas, o professor pode incentivar que, em grupos, os alunos tentem encontrar a melhor forma de solucioná-lo. É importante valorizar tanto a estratégia proposta pelos alunos, quanto a forma de comunicá-la ao restante da classe. Dessa forma, ela os ensina a compreender o problema, e a se fazer compreender ao expor a solução – duas habilidades que são importantes para a vida.
Ao trabalhar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, o professor transforma a sala de aula num imenso laboratório da vida, onde simula situações reais do cotidiano para usá-las como ferramentas de aprendizagem. Mas para trabalhar dessa forma, ele vai precisar de formação.
Como formar o professor?
O professor terá papel fundamental no sucesso do novo currículo balizado pela BNCC. Especialmente no que se refere à aplicação da Educação Socioemocional na escola. Mas como formá-lo? Como ponto de partida, é bom lembrar que um profissional que não tenha desenvolvido suas próprias habilidades sociemocionais dificilmente será capaz de fazê-lo em seus alunos. O mestre é sempre um exemplo. A maneira como ele reage a situações molda o comportamento de seus discípulos.
Para que possa desempenhar bem sua função em sala de aula, o professor precisa ser submetido a situações em que mobilize seus próprios valores, habilidades e competências socioemocionais, refletindo sobre eles.
Atualmente, existem muitos programas de formação no mercado. E nem todos, infelizmente, podem ser considerados de ponta. Pesquise bem antes de optar por um deles.
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Competências gerais da BNCC
Para que não restem dúvidas sobre o foco da BNCC no desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais, confira as quatro (das 10) Competências Gerais do documento que são totalmente baseadas na educação socioemocional:
“7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
“8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas e com a pressão do grupo.
“9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de origem, etnia, gênero, idade, habilidade/necessidade, convicção religiosa ou de qualquer outra natureza, reconhecendo-se como parte de uma coletividade com a qual deve se comprometer.
“10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões, com base nos conhecimentos construídos na escola, segundo princípios éticos democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
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11 Comentários. Deixe novo
Esse artigo foi para mim um presente que eu estava necessitando. Muito esclarecedor e resumido! A BNCC, apontou para o avanço da inclusão da formação integral do aluno, da mudança de paradigma em relação à metodologia do professor, onde o educador deixa de ser um transmissor do conhecimento e preocupa-se com o desenvolvimento das competências socioemocionais dos alunos.
Maria Angélica, como vai?
Ficamos muito felizes em saber que o nosso artigo lhe ajudou a compreender um pouco mais sobre a BNCC! E, de fato, você está corretíssima.
Aplicada de forma como a base sugere, acreditamos que os alunos colherão bons frutos.
Grande abraço!
Achei mt esclarecedor , porém acho um pouco contraditório a criança t que est alfabetizada ate o 2 ano e ao mesmo tempo , o professor terá que se preocupar mais em desenvolver as habilidades socioemocionais.
Resumo muito esclarecedor , foi muito boa a leitura e reflexão que fiz sobre como devemos trabalhar com o nosso aluno e sua formação integral.
[…] Essa diretriz diz respeito às quatro (das 10) Competências Gerais do documento que são totalmente baseadas na educação socioemocional²: […]
Bom dia!
O professor poderá modificar a numeração de alguma habilidade?
[…] Brasil, a nova BNCC (Base Nacional Curricular Comum), já apresenta quatro (das 10) Competências Gerais do documento com base em uma educação […]
A BNCC foi uma importação (mais uma vez!) de conceitos que são realidades em outros países, e foi uma decisão tomada de cima pra baixo, sem consultar as bases. Eliminar língua espanhola, por exemplo, é um absurdo! O Brasil está inserido na realidade latinoamericana e faz parte do MercoSul, mas a “turma do paletó” priorizou o inglês, quando deveria, no mínimo, mater as duas. Eliminou-se tbm matérias como Sociologia e Filosofia; não querem seres pensantes, querem robôs que saibam dizer “amém” aos imperialistas!
Oi. Boa tarde. Tô fazendo uma pesquisa e preciso de ajuda de pedagogos. É a seguinte pergunta: O que precisa ser redimensionado no currículo da educação infantil para contemplar os direitos de aprendizagem nesta etapa de ensino?
Oi. Boa tarde. Tô fazendo uma pesquisa e preciso de ajuda de pedagogos. É a seguinte pergunta: O que precisa ser redimensionado no currículo da educação infantil para contemplar os direitos de aprendizagem nesta etapa de ensino?
Boa tarde, o BNCC PODERÁ ser implantada nas atividades EXTRACURRICULARES? Lembro que os instrutores no caso de música e dança de bandas marciais só tem cursos a níveis médio, sequencial e bacharelado.