5 desafios da educação no Brasil
Ano novo, governos novos, nomes diferentes e ânimos renovados à frente do Ministério e das Secretarias de Educação e… Os mesmos velhos desafios da Educação no Brasil.
Alguns deles, inclusive, agravados pela perda de importância do MEC em tempos recentes.
No nosso artigo de hoje, vamos elencar alguns dos desafios que deveriam ser prioritários para as autoridades, tanto as federais quanto também as estaduais e municipais, neste novo ciclo que começa.
Em boa parte deles, nós – gestores e gestoras, professores e professoras – podemos colaborar de forma ativa com a superação desses desafios.
Quer saber como? Veja a seguir como você pode fazer parte dessa transformação!
- Desigualdade
A desigualdade na Educação brasileira é um problema sério, reflexo de uma sociedade onde o racismo é estrutural e que foi construída sobre um modelo de exclusão.
Não estamos falando apenas das desigualdades de aprendizagem. Estas, na verdade, são reflexo do modelo que funciona melhor para as pessoas de nível socioeconômico mais elevado e deixa pelo caminho crianças de nível sócioeconômico mais baixo (desigualdade social), os meninos (desigualdade de gênero) e pardos e pretos (desigualdade racial).
Um dos desafios da Educação Brasileira passa pela redução dessas desigualdades, que pode ser facilmente verificada nas estatísticas levantadas pelo Índice de Desigualdades e Aprendizagens, o IDeA, desenvolvido por uma equipe de educadores e pesquisadores e patrocinado pela Fundação Tide Setubal.
O que você pode fazer na sua escola?
Que tal trazer esse debate para dentro das reuniões pedagógicas e envolver toda a equipe no desafio de transformar a sua escola numa unidade sem desigualdades de aprendizagem?
Para isso, vocês vão precisar mapear a situação de aprendizagem de cada grupo de alunos e trabalhar de maneira personalizada para promover a recuperação das aprendizagens.
Para aprender mais sobre como promover a equidade na sua escola, consulte esta publicação do Centro Lemann de Liderança para a Equidade na Educação.
- Investimentos públicos
O cenário nunca foi bom neste desafio, mas conseguiu ficar pior ainda nos últimos anos.
Segundo um levantamento do Senado Federal, a Educação Pública brasileira deixou de receber investimentos somados de R$ 74 bilhões entre 2016 e 2022.
A responsabilidade por esse corte drástico é da Lei do Teto de Gastos, que impediu investimentos no setor desde sua criação, em 2016.
O que você pode fazer na sua escola?
Falta de dinheiro é uma realidade crônica, especialmente nas escolas públicas.
Um caminho que poderia ser trilhado para tentar diminuir esse problema seria o das parcerias público-privado.
Os gestores e gestoras de escolas públicas poderiam procurar colegas das escolas privadas na região em que atuam para tentar estabelecer formas de colaboração.
Da mesma forma, gestores e gestoras de unidades privadas podem tentar entender de que forma a sua escola e seus alunos podem auxiliar a escola pública mais próxima.
Essa aproximação traz ganhos para todos, tanto na aprendizagem quanto na ampliação da visão de mundo e na socialização dos alunos.
- Evasão de estudantes
Os dois anos de pandemia, com o consequente fechamento das escolas, trouxe de volta o fantasma da evasão escolar, especialmente nas escolas públicas.
Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, cerca de 5,5 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos ficaram sem atendimento escolar – presencial ou remoto – em 2020.
Essa realidade das crianças em casa, aliada à falta de vinculação entre o pagamento de benefícios sociais e a frequência escolar, fez com que muitas famílias nas camadas mais desfavorecidas da população tirassem seus filhos e filhas da escola definitivamente.
O Governo Federal promete retomar as medidas de contrapartida para o pagamento dos benefícios sociais, o que deve ajudar a enfrentar essa evasão.
O que você pode fazer na sua escola?
Você já ouviu falar na Busca Ativa? Trata-se da adoção, na sua escola, de estratégias de acompanhamento da frequência para evitar que os alunos abandonem a escola.
Quando um aluno falta, a coordenação procura a família para esclarecer o motivo.
Muitas vezes, o coordenador ou o gestor se dirigem às casas das crianças que estão faltando, acompanhadas de agentes de saúde e assistentes sociais, para convencer aquela família a mandar o filho ou filha para a escola novamente.
Em alguns municípios, a Busca Ativa é exigência das secretarias de Educação. Que tal implementar algo parecido na sua escola?
- O Ideb e as estatísticas
Números são uma maneira objetiva de monitorar o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes.
Esse panorama é fundamental na hora de projetar políticas públicas para corrigir eventuais dificuldades.
Não por acaso, o Estado brasileiro investiu bastante, desde a entrada em vigor da LDB, em 1996, na construção de mecanismos de avaliação. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, é um dos principais.
Infelizmente, nos últimos anos a série histórica dos dados foi afetada por mudanças nas perguntas apresentadas no Censo.
Em 2023, porém, teremos mais uma prova do Ideb para retomar as avaliações.
O que você pode fazer na sua escola?
Envolva toda a equipe pedagógica para garantir o preenchimento correto e efetivo de todos os questionários dos instrumentos de pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep.
- Valorização dos professores
A valorização dos professores e professoras não é apenas uma questão salarial.
Ela passa pelos ganhos salariais, claro, mas envolve também o investimento em formação, estruturação da carreira e reconhecimento do papel social.
Nos últimos anos, a carreira docente tem registrado alguns avanços, segundo dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2021, organizado pelo Todos Pela Educação em conjunto com a Editora Moderna.
- O número de professoras e professores da educação básica com pós-graduação passou de 24,5% para 43% em uma década;
- O salário tem se aproximado dos demais profissionais com curso superior. Na época do fechamento do anuário era de R$ 4.131,00
- A proporção de docentes que trabalham exclusivamente em apenas uma escola subiu para 79,6%.
Apesar dos avanços, ainda é preciso melhorar a valorização docente no Brasil de maneira geral.
O que você pode fazer na sua escola?
Gestores e coordenadores podem buscar ativamente oportunidades de formação, não só para si próprios, mas também para seus professores e professoras.
Muitas organizações não-governamentais oferecem oportunidades de formação em diferentes campos do conhecimento, sem falar nos cursos oferecidos pelas secretarias municipais e estaduais.
Organize um planejamento para o ano e tente conquistar seus docentes para participar de pelo menos uma formação em 2023!
Um bom ano pela educação
Esses são apenas alguns dos desafios para a educação brasileiro em 2023. Com pequenos gestos como os sugeridos, você e a equipe da sua escola podem deixar de ser parte do problema para também ajudar na construção de soluções!
Lembre-se do Método Metacognitivo das Aves Migratórias, do Programa MenteInovadora: cada um fazendo a sua parte ajuda o grupo a ir mais longe!