Masculinidade digital: como proteger seu filho
Ser pai ou mãe de meninos na era digital é um desafio novo e complexo. As telas se tornaram janelas abertas para todo tipo de conteúdo, inclusive aquele que ensina o que “deveria” ser um homem. Um estudo da Common Sense Media mostrou que 73% dos meninos entre 11 e 17 anos são expostos com frequência à chamada “masculinidade digital”: vídeos e postagens que exaltam força, sucesso, dinheiro, domínio e aparência física.
Essas mensagens parecem inofensivas à primeira vista, mas podem afetar diretamente a autoestima e o bem-estar emocional dos adolescentes. É sobre isso que vamos falar e, principalmente, sobre como os pais podem ajudar a construir uma relação mais saudável com a tecnologia e com a própria identidade.
O que você vai encontrar neste post:
- O que é masculinidade digital e por que ela preocupa
 - Como o conteúdo on-line afeta a autoestima dos meninos
 - O papel dos influenciadores digitais
 - Dicas práticas para pais e mães
 - Como a Mind Lab e o Programa MenteInovadora podem ajudar
 - Conclusão: presença, diálogo e vínculos reais
 
O que é masculinidade digital e por que ela preocupa
O termo masculinidade digital descreve o conjunto de ideias sobre o que significa “ser homem” no ambiente on-line. Em muitos casos, essas ideias são reforçadas por vídeos curtos, desafios e memes que associam masculinidade a performance, poder e aparência.
São mensagens que dizem, direta ou indiretamente, que meninos devem:
● Ter corpo forte e definido;
● Ser bem-sucedidos financeiramente;
● Evitar demonstrar sentimentos;
● Competir o tempo todo.
O problema é que esses padrões são irrealistas e excludentes. Meninos em desenvolvimento passam a se comparar com figuras idealizadas e a sentir que nunca são bons o bastante — o que gera insegurança, isolamento e frustração.
Como o conteúdo on-line afeta a autoestima dos meninos
De acordo com o estudo, meninos com alta exposição à masculinidade digital são três vezes mais propensos a relatar baixa autoestima.
Muitos dizem sentir-se “sem valor” ou “inúteis” em comparação a quem veem nas redes. Outros admitem mudar seu comportamento, roupa ou corpo para se encaixar nesse modelo.
Esse impacto não é apenas emocional, é identitário. O adolescente começa a definir quem é com base em curtidas, comentários e visualizações. Quando o retorno é negativo, o resultado é solidão e desconexão de si mesmo.
Por isso, mais do que limitar o uso das telas, é preciso ensinar os meninos a pensar sobre o que consomem. O papel da família é ajudar a construir filtros internos: o senso crítico, a empatia e o autoconhecimento.
O papel dos influenciadores digitais
Os influenciadores se tornaram os “modelos masculinos” de uma geração. Segundo a pesquisa, 60% dos meninos consideram os criadores de conteúdo inspiradores, e muitos relatam receber conselhos práticos sobre aparência, comportamento e relacionamentos.
Alguns influenciadores realmente oferecem conteúdo positivo, mas muitos reforçam estereótipos e atitudes tóxicas. A boa notícia é que os pais podem mediar essa relação de forma leve e eficaz.
Comece com perguntas abertas:
- “O que você mais gosta nesse canal?”
 - “Esse vídeo faz você se sentir bem ou mal com você mesmo?”
 - “Por que você acha que esse influenciador fala tanto sobre sucesso ou força?”
 
Essas conversas não devem ter tom de julgamento. O objetivo é abrir espaço para que seu filho reflita sobre o que está assistindo e aprenda a identificar mensagens que não o representam.
Dicas práticas para pais e mães
Você não precisa entender tudo sobre redes sociais para ajudar. O mais importante é estar presente e construir confiança.
Veja algumas estratégias simples e eficazes:
- Participe do universo digital do seu filho: peça para ver os vídeos e jogos que ele gosta, sem crítica.
 - Valorize o diálogo sobre sentimentos: mostre que meninos também podem sentir medo, tristeza e dúvida.
 - Elogie atitudes, não só resultados: isso fortalece o senso de valor pessoal.
 - Incentive atividades coletivas: esportes, música, teatro e voluntariado estimulam cooperação e empatia.
 - Dê exemplos positivos de masculinidade: homens da família, professores ou figuras públicas que demonstrem respeito e sensibilidade.
 - Evite ridicularizar ou minimizar comportamentos emocionais: frases como “engole o choro” só reforçam a repressão afetiva.
 - Promova momentos de desconexão: cozinhar juntos, caminhar, jogar, conversar sem celular à mesa.
 
Esses gestos simples ajudam a reconstruir o equilíbrio entre o mundo digital e o mundo real.
Como a Mind Lab e o Programa MenteInovadora podem ajudar
A Mind Lab, por meio do Programa MenteInovadora, oferece às escolas e famílias ferramentas práticas para fortalecer o desenvolvimento socioemocional. O programa ensina crianças e adolescentes a lidar com emoções, resolver conflitos e tomar decisões éticas — habilidades fundamentais para enfrentar as pressões das redes sociais.
Durante as atividades, os alunos são convidados a refletir sobre cooperação, respeito e autoconfiança, enquanto aprendem a reconhecer a diferença entre influência positiva e manipulação digital.
Pais que participam de oficinas ou projetos baseados na metodologia Mind Lab também relatam melhor comunicação e maior empatia dentro de casa.
Educar para o século XXI significa ensinar a pensar criticamente — inclusive diante das telas.
Conclusão: presença, diálogo e vínculos reais
As redes sociais são parte do cotidiano, e tentar isolá-las não é uma solução realista. Mas é possível ensinar os meninos a viver o digital de forma consciente e afetiva.
Mais do que controlar o que eles assistem, precisamos estar perto, conversar e mostrar, com atitudes, que masculinidade também é gentileza, escuta e sensibilidade. Como diz o pesquisador Michael Robb, “crianças precisam de adultos que modelem sentimentos e reações humanas completas”.
Presença e diálogo são os melhores antídotos contra a masculinidade tóxica — dentro e fora das telas.

