Arte, cultura e educação: união que fortalece a aprendizagem
Aliar arte, cultura e educação não deve ser visto como um luxo no currículo, mas como uma estratégia concreta para potencializar o aprendizado e o desenvolvimento socioemocional dos estudantes. Para o professor, compreender essa integração é essencial, pois as práticas artísticas oferecem recursos pedagógicos valiosos, capazes de motivar, engajar e criar vínculos mais fortes com a escola.
Um estudo recente da Fundação Itaú, em parceria com os Ministérios da Educação e da Cultura e com apoio da OCDE, mostrou que a participação em atividades artísticas pode reduzir desigualdades e até melhorar o desempenho acadêmico. Os dados do Pisa 2022 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) revelam que 63% dos jovens brasileiros de 15 anos participam semanalmente de atividades artísticas dentro ou fora da escola, número superior à média mundial de 48%. A Unesco também reforça que as artes fortalecem o senso de pertencimento, estimulam a criatividade, ampliam a atenção e impactam positivamente o desempenho escolar.
Por que o ensino de arte é essencial
Atividades como música, teatro, dança e artes visuais não são apenas complementares: elas desenvolvem competências fundamentais como empatia, criatividade, autorregulação e capacidade crítica. Esses aspectos formam a base do processo de aprendizagem e contribuem para reduzir evasão e indisciplina.
Para os professores, integrar a arte ao cotidiano da sala de aula pode ser um caminho para renovar metodologias, estimular a participação dos estudantes e aproximar o conteúdo da realidade deles. O Programa MenteInovadora, por exemplo, mostra como práticas que desenvolvem competências socioemocionais fortalecem a autonomia e a motivação, pilares que também estão presentes no ensino de artes.
Desigualdade de acesso
Apesar da obrigatoriedade prevista pela BNCC, ainda há um abismo entre escolas. Em instituições de alto nível socioeconômico, 31% oferecem aulas de música, enquanto nas de baixo nível esse número cai para 14%. Esse dado revela a necessidade urgente de democratizar o acesso e pensar em políticas públicas que garantam oportunidades reais para todos os estudantes.
Aqui, o papel do professor vai além da sala de aula: ser um agente de defesa da cultura como direito educacional, identificando possibilidades de parcerias locais com centros culturais, artistas e coletivos comunitários.
Aprendizados internacionais
O Pisa mostrou que países como Canadá, Estônia e Noruega tiveram melhores resultados acadêmicos e socioemocionais entre alunos que participavam de atividades artísticas semanais. A Colômbia se destaca na América Latina, com 85% das escolas oferecendo práticas artísticas de forma universalizada. Já na França, a obrigatoriedade do ensino de artes até o final do fundamental, somada ao acesso gratuito a museus para professores e alunos, exemplifica como políticas consistentes geram impacto direto.
Para os educadores brasileiros, conhecer essas experiências pode inspirar novas práticas interdisciplinares, mesmo dentro das limitações do sistema. O uso da arte como recurso em disciplinas como Matemática ou Ciências, por exemplo, já se mostrou eficaz em despertar a atenção e estimular conexões criativas.
Recomendações para professores
O estudo da Fundação Itaú trouxe recomendações que dialogam diretamente com a prática docente:
- Promover parcerias locais: buscar colaboração com artistas, instituições culturais e ONGs do território;
- Valorizar a interdisciplinaridade: integrar a arte em diferentes disciplinas, ampliando o alcance do conteúdo;
- Atualizar a prática docente: investir em formação continuada para trabalhar linguagens artísticas de maneira transversal;
- Envolver famílias e comunidade: tornar a escola um espaço de fruição cultural, reduzindo barreiras de acesso.
No Blog Professor 360, já discutimos a importância da educação socioemocional como parte da formação integral. A arte é uma das formas mais efetivas de desenvolver essas competências, porque conecta emoções, criatividade e aprendizagem.
Um olhar para o futuro
Iniciativas como o Plano Nacional de Leitura e Escrita e o novo Plano Nacional de Cultura (2025–2035) representam avanços na articulação entre educação e cultura. Como reforça a Unesco, a arte amplia a cidadania cultural e contribui para reduzir desigualdades sociais.
Professores têm papel essencial nesse processo: transformar a sala de aula em um espaço de criação, diálogo e pertencimento. Integrar arte, cultura e educação não é apenas cumprir um currículo, mas formar cidadãos mais preparados, sensíveis e engajados.