Ansiedade entre jovens: o alerta que chega às escolas
O número de atendimentos por ansiedade entre crianças e adolescentes no Brasil cresceu de forma explosiva na última década. Segundo dados do Ministério da Saúde, houve aumento de 2.500% entre jovens de 10 a 14 anos atendidos no SUS. Já na faixa dos 15 a 19 anos, os registros passaram de 1.534, em 2014, para 53.514 em 2024.
Esse salto impressionante não é apenas estatístico: ele reflete um cotidiano escolar atravessado por distrações, pressões estéticas, excesso de redes sociais e vínculos fragilizados. Em 2023, inclusive, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) mostrou que a taxa de transtornos de ansiedade nessa faixa etária já supera a dos adultos.
O que você vai ver neste post:
- O papel da escola
- Como agir no dia a dia
- Um investimento que gera resultados
- Um olhar para o futuro
O papel da escola
O ambiente escolar se revela, portanto, um espaço estratégico para lidar com o problema. Como destaca o médico e educador Jairo Bouer, “essa é a ponta do iceberg de uma questão maior: como os jovens estão lidando com suas emoções e percepções de mundo”. Para ele, não é necessário criar disciplinas específicas, mas integrar o desenvolvimento socioemocional de forma transversal, aproveitando os próprios conteúdos curriculares e a convivência diária.
A escola, nesse sentido, funciona como comunidade de acolhimento e referência emocional. Porém, essa missão só faz sentido quando compartilhada com famílias e cuidadores. Afinal, estudantes precisam sentir segurança e pertencimento para poder aprender.
Como agir no dia a dia
Os professores, mesmo sem formação em psicologia, podem desempenhar um papel decisivo no enfrentamento da ansiedade escolar. Veja algumas estratégias:
- Criar rotinas de escuta ativa: reservar minutos no início da aula para que alunos compartilhem como estão se sentindo. Esse gesto simples fortalece vínculos e melhora o clima da turma.
- Integrar emoções ao conteúdo: ao discutir eventos históricos ou literários, pergunte quais emoções estavam em jogo — medo, indignação, esperança. Essa prática amplia a compreensão e humaniza a aprendizagem.
- Transformar conflitos em aprendizagem: em vez de punir, investigar causas, promover reparação e estimular o diálogo.
- Trabalhar com jogos e dinâmicas: o uso de jogos estratégicos, como os do Programa MenteInovadora, ajuda a desenvolver empatia, planejamento e cooperação, fortalecendo habilidades de enfrentamento da ansiedade.
- Cuidar de si mesmo: educadores emocionalmente conscientes tornam-se modelos vivos de autorregulação e resiliência para seus alunos.
Um investimento que gera resultados
Estudos em neurociência e educação mostram que emoções não são pano de fundo, mas o próprio solo onde o conhecimento se sustenta. Alunos que se sentem seguros e valorizados aprendem melhor, apresentam maior engajamento e desenvolvem habilidades essenciais para a vida.
Projetos de educação socioemocional, como os trabalhados pela Mind Lab, já demonstraram impacto positivo no desempenho acadêmico e na convivência escolar, além de reduzir episódios de conflito.
Um olhar para o futuro
A explosão da ansiedade entre jovens é um alerta para toda a sociedade. Mas também pode ser uma oportunidade de recolocar as emoções no centro da prática pedagógica.
Se a escola é o espaço de formar sujeitos inteiros — que pensam, sentem, convivem e atuam no mundo —, então o cuidado socioemocional não é um luxo, mas uma necessidade urgente. Ao investir nesse caminho, os professores deixam de ser apenas transmissores de conteúdos e se tornam formadores de vidas com sentido.