Ciência e opinião: onde termina uma e começa a outra?
Em tempos de internet livre, onde cada um pode escrever o que quiser, é fundamental preparar os alunos para discernir fatos de versões, ciência ou opinião.
Se quiséssemos resumir este post a um único exemplo, aliás bastante em moda nos dias de hoje, bastaria uma colagem de fotos:
Uma opinião não basta para contrapor uma informação cientificamente comprovada. É preciso ensinar aos alunos o percurso descrito pelo pensamento científico para que eles sejam capazes de construir o próprio conhecimento, mesmo esmo que se trate de um fato largamente comprovado como o formato da Terra, que sabe-se ser redonda há 497 anos, quando o navegador português Fernão de Magalhães voltou de sua viagem de circunavegação pelo globo.
Sua definição
A definição dos limites entre ciência e opinião é uma antiga busca da humanidade. Remonta ao filósofo grego Platão, que em seu livro A República, escrito no século IV antes de Cristo, já colocava em campos opostos a ciência, que ele chamava de conhecimento, e a opinião. Para ele, a opinião se situava entre o conhecimento e a ignorância, como algo incompleto, que reproduz conceitos sobre um objeto de estudo sem de fato conhecê-lo em profundidade.
O tema continuou em estudo por muitos outros filósofos nos séculos que se seguiram, de Aristóteles a Immanuel Kant. A definição de opinião acabou por se consolidar como discurso sujeito à mudança ou à crença dúbia sobre algo, sem fundamento racional. Dessa forma, ela seria uma manifestação da ausência de reflexão profunda sobre a natureza daquilo sobre o que se opina.
Alcançar o conhecimento científico sobre um determinado objeto de estudo só seria possível, portanto, mediante profunda reflexão e pesquisa. E a nós, educadores, cabe, como papel primordial, fornecer a nossos alunos as ferramentas mentais necessárias para a busca desse conhecimento. Ou seja, torná-los capazes de pesquisar para obter o conhecimento é mais importante do que apresentar o conhecimento em si.
Mas como guiar esse processo? Confira 5 passos que preparamos para auxiliar.
1. Ensine-os a questionar
Retornando ao exemplo do formato da Terra, alunos de 6º ano possivelmente responderiam, de pronto, que ela é redonda, porque já ouviram isso antes. Mas se forem confrontados com um pedido para que comprovem o que afirmam, será que saberão fazê-lo?
O papel do educador, neste ou em qualquer outro tema que se estude, é ensiná-los a não assumir tudo como verdade. Eles precisam aprender a questionar o que lhes é apresentado e a justificar respostas de maneira sólida. Afinal, quem aceita tudo sem contestar pode perfeitamente terminar acreditando que a Terra é plana!
2. Mostre como trabalham os cientistas
Um caminho para diferenciar ciência de opinião é ensinar aos alunos como se constrói o conhecimento científico, mostrando como trabalham os pesquisadores. Estimulá-los a questionar as verdades é o passo inicial. Afinal, o que os cientistas têm em comum é a infinita curiosidade sobre a natureza que os cerca.
Os alunos precisam ser capazes de formular questões e de tentar respondê-las, criando suposições que podem ser falsas ou verdadeiras. Coloque a ênfase no percurso do pensamento. Estimule-os a pesquisar o tema, a organizar pressupostos, a fazer demonstrações e a estruturar argumentos.
3. Faça perguntas em lugar de entregar respostas
Você pode delimitar fontes de pesquisa escolhendo aquelas que julgar confiáveis. Não caia no erro, porém, de apresentar experimentos prontos que comprovem o que você quer ensinar.
O seu papel, como facilitador da atitude científica, é estimular o pensamento e não entregar respostas prontas. Mostre a eles que a ciência – e todo o conhecimento acumulado ao longo dos séculos – é uma construção humana. Tudo é provisório e nada está acabado, justamente porque a humanidade vive em constante evolução, em busca de melhores explicações para o funcionamento do mundo que a cerca.
4. Comece pelo simples
Qualquer que seja o tema, as argumentações devem partir de proposições simples, antes de chegar a construções complexas. Não há nada de errado com isso. Foi assim que o homem começou a fazer ciência na Antiguidade. Depois de apresentar e debater hipóteses levantadas pela classe, busque exemplos históricos de experiências e raciocínios desenvolvidos por cientistas antigos para enriquecer o debate.
No caso do formato da Terra, por exemplo, você poderia lembrar que Aristóteles já afirmava, no século IV antes de Cristo, que o nosso planeta é redondo. E para tanto, ele se baseava apenas na observação das estrelas, que mudavam de acordo com o lugar da Terra em que se estava. Se ela fosse plana, afirmava Aristóteles, nós veríamos sempre as mesmas constelações em qualquer ponto do planeta.
5. Aplique os Métodos Metacognitivos
Um dos princípios básicos de toda investigação científica pode ser apresentado pelo Método Metacognitivo da Tentativa e Erro, do Programa MenteInovadora. Pois, com ele, seus alunos aprenderão a tentar, a errar, a corrigir o erro e a tentar novamente antes de avançar.
Aliás, sua turma vai aprender a elaborar as perguntas corretas para identificar e analisar um problema.
Outro método muito eficiente pode ser o da Árvore do Pensamento, porque nos ajuda a perceber as diversas possibilidades diante da complexidade dos processos da vida, além de estimular a análise mais aprofundada de cada situação.
Conheça mais sobre os Métodos Metacognitivos do Programa MenteInovadora.
2 Comentários. Deixe novo
Através da pesquisa e investigação aprendemos ,
Esse texto realmente em meu ponto de vista é muito bom,trata-se de argumentos bem propostos nos quais são interessante a nós alunos.